Visita ao Templo do Perfume Perpétuo
Eu não sabia onde encontrar o templo,
Léguas e léguas caminhando entre nuvens e picos.
Árvores antigas, trilhos abandonados pelos homens,
De súbito, das profundezas da montanha, o repicar de um sino.
O murmúrio das águas saltitando sobre as rochas,
Os raios frios de sol atravessando pinheiros verdes.
Na névoa do entradecer, na margem do lago,
Um monge em meditação, amansando o dragão envenenado.
Dragão envenenado - para os budistas chineses, o dragão envenenado simboliza a paixão e a ilusão impeditivas da iluminação e da sabedoria.
No jardim, na Primavera
Choveu a noite passada, calço os tamancos,
A Primavera fria, visto o velho casacão acolchoado.
Abro um rego na terra, corre a água branca,
Entre os chorões, desabrocham flores vermelhas de pessegueiro.
Os campos, a erva como um tabuleiro de xadrez.
Na orla da floresta, levanto a pedra do poço.
Depois, de boné de pele de cervo, apoiado no bastão,
Desapareço no arvoredo, ao sol do entardecer.
No Lugar de Mil Pagodes
Hoje há festa na estalagem,
Chegaram as velas, da viagem.
No varandim, olhos as águas do Bian,
No rio, ancoradas, as barcas.
Galos e cães animam a aldeia,
Ulmeiros, amoreiras sombreiam os campos.
Invisíveis as gentes do lugar,
A névoa principia aos pés da minha cama.
Bian - é um pequeno braço do rio Amarelo.
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