O famoso general Li Guang, da dinastia Han, era um homem valente e honesto. Quando recebia um presente do imperador, dividia-o entre os seus homens e, durante os seus 40 anos de carreira, comeu sempre na companhia dos seus soldados e não acumulou nenhuma riqueza.
Era de elevada estatura e homem de poucas palavras. O seu único divertimento eram as competições de arco e flecha. Na guerra, quando a água e os alimentos escasseavam, era o último a comer e a beber. Os seus soldados consideravam-no como um irmão, e obedeciam prontamente às suas ordens.
Ao concluir a biografia do general Li Guang, o historiador Si Ma Qian escreveu: À primeira vista, o general Li Guang parecia um camponês qualquer, pois era pouco eloquente, e na verdade raramente falava. Contudo, quando morreu, foram inúmeros as pessoas, amigas ou não, que sentiram uma profunda dor. A sinceridade do general tem mais prestígio que a eloquência e os sofismas dos letrados. Os pessegueiros e as ameixoeiras não falam, mas as suas flores e os seus frutos atraem os visitantes, que abrem caminhos debaixo deles.
Esta última frase do historiador Si Ma Qian ficou como provérbio para exprimir a admiração suscitada pela sinceridade de carácter. Por outro lado, o provérbio significa também que quem trabalha honestamente sem buscar fama granjeia o respeito dos outros.
Num artigo que publiquei em Xangai, no Jornal da Literatura, sobre o famoso mestre da literatura portuguesa Miguel Torga, usei justamente este provérbio - Os pessegueiros e as ameixoeira não falam, mas debaixo deles abrem-se caminhos - como título, pois Miguel Torga é exactamente o tipo de homem a quem este provérbio se pode aplicar.
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