Registo poético, como se de alegoria se tratasse, mas também realismo fantástico, com bastante de jocoso. Pode-se acreditar, num primeiro nível, na história de uma mulher que enlouquece quando os sapatos que sonhara desaparecem? Ou na de duas mulheres que vão, de camelo, deserto fora, à procura dos seus amados? Ou na de um professor acusado de apalpar os glúteos de uma jovem, em plena projecção de um edificante filme comunista? Não, não podemos, a não ser como fábulas que, cuidadosamente evitam referências directas à esfera social e política da China, mas, por alusões, lançam um olhar cuja severidade só é compensada pelo viço de um indestrutível optimismo.(clix)