O Qiangmu inclui a grande dança de sacerdotes, composta pela dança de "animais" e a dança com instrumentos budistas, nas quais se usam gorros de plumas de aves e faixas de pele de tigres, entre outros objetos. Estas danças, solenes e carentes de canto, são imponentes, de espíritos dissuasivos.
Naquela ocasião, enquanto soava a música com trombetas, trompas, cilindros, címbalos e tambores colocados no telhado do mosteiro, os lamas entre velhos e jovens, disfarçados com máscaras de deuses e animais e segurando armas e instrumentos budistas, entram no local segundo a ordem hierárquica dos deuses, como anúncio de declínio a estes. Ao ritmo dos acordes retumbantes da música, os deuses aceitam os cumprimentos dos devotos prostrados no chão, enquanto os monges desfilam cercando o lugar, dão as mãos e seguem girando seus corpos a modo de prelúdio ao Qiangmu.
A seguir, apresentam uma série de danças supremas, incluindo a do deus da lei, a do demônio e a de Vajra para ressaltar sua força infinita, a dança da caveira para descrever como festejam os diabinhos do inferno, a do deus cervo para trazer fortuna às pessoas, assim como a do deus da longevidade e a dança da grande garça azul imortal para pregar a alma, riqueza e vida longa. Dançam também a dança "Maha-Sattva" que mostra a cerimônia de sacrifício de alimentar o tigre, e a dança "Se paga pelo bem e pelo mal", que são histórias do budismo.
Entre todas, a dança da caveira e a dança do deus cervo são as mais atrativas, mais bonitas e mais admirada pelos espectadores. Embora sejam também danças religiosas, não transmitem a sensação de rigidez e tenebrosidade, mas sim de alegria, harmonia e esperança. Para ter ambiente e entreter os assistentes, nos intervalos se realizam combates de luta livre entre os monges.
O Qiangmu de Tibete é similar em forma, conteúdo e data de celebração à Chama, dança cerimonial do budismo tibetano praticada pelos mongóis durante a dinastia Yuan (1206-1368), mas difere somente nos movimentos, a roupa e os instrumentos de uso.
A última parte de Qiangmu representa a "expulsão dos demônios". Ao final deste ato, os deuses enviam aos maus espíritos presos, com a cabeça do diabo chamado duoma feita com farinha de cevada e aceite de iaque. Depois, sob a escolta do "exército do céu", levam na cabeça a um lugar aberto fora do mosteiro e a queimam em uma fogueira. E assim chegam ao ponto final os ofícios de Qiangmu, destinados a jurar os males a favor da harmonia e felicidade do povo para o novo ano.

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