Cao Naiqian, 59 anos, é um policial da cidade de Datong, na província de Shanxi, Norte da China. Ele é também um escritor muito famoso, com mais de 30 contos traduzidos para o Japonês, Inglês e outras línguas. Para o sinólogo sueco da Academia da Suécia, Goran Malmqvist, ele é um dos escritores chineses que possuem potencial para ser premiado com o Nobel da Literatura.

Natural da aldeia Xiamayu, do distrito Ying, Cao trabalhou durante os anos 60 e 70 como mineiro e funcionário de um grupo artístico. Depois foi transferido à delegacia de Xiamayu. Em 1987, fez sua primeira tentativa na produção literária. Segundo ele, tomou a decisão em virtude de uma aposta com um amigo, que julgou que Cao não conseguiria produzir romances. Seu artigo foi publicado pelo jornal local. Daí, começou a enviar suas produções às editoras de Beijing.

Seu primeiro romance, Solidão do Buda, narra a história real ocorrida entre ele e um monge. Aos nove anos, Cao Naiqian se mudou com seus familiares para um templo arruinado. O velho monge se tornou amigo de Cao. Eles meditavam, jogavam xadrez e liam juntos. Por isso Cao, selecionou o monge como o protagonista do seu primeiro romance, bem como por conta de seu elo com o budismo.

"Morei naquele templo durante quarenta anos. Acho que há um elo entre o budismo e eu. A vida que passei me concedeu muita inspiração", disse Cao.

Muitos costumes que Cao mantém até hoje em dia justificam a sua fala. Ele costuma ficar sentado dobrando os joelhos e juntar as mãos ao se despedir. Com um temperamento calmo, Cao prefere uma vida tranquila. Segundo ele, escrever é um meio para ele expressar seus pensamentos. Suas publicações ou as críticas não lhe importam muito.

De acordo com Cao, as experiências acumuladas ao longo dos anos constituem sua maior inspiração da produção. Antes de se tornar policial, trabalhava como mineiro durante um ano. Bing Liang De Tai Yang Shi, (Pedra Fria de Sol, em tradução livre), fala justamente da vida dura de mineiros. O recém-lançado romance, Paisagem de Wenjiayao (tradução livre), descreve a vida dos camponeses pobres, tendo com pano de fundo a vida rural que ele próprio levou há dez anos.

"Todas as personagem de meus romances e contos são inspiradas na vida real. Não costumo pesquisar antes de produzir. Escrevo o que eu vi e o que aconteceu ao meu redor", falou Cao.

O romance, que tinha sido acabado há dez anos, não foi visto com bons olhos pelas editoras. O sinólogo sueco da Academia da Suécia, Goran Malmqvist, no entanto, elogiou muito o estilo de Cao. O romance, com tradução em Sueco feito por Goran Malmqvist, será lançado no outono deste ano.

Cao Naiqian está agora produzindo um romance sobre a sua mãe, que teve um problema mental no final da vida. Para cuidar da mãe, Cao desistiu de escrever durante seis anos. Para Cao, registrar toda a vida da mãe será a melhor forma para homenageá-la.

"Já conclui metade da obra, que tem mais ou menos 200 mil caracteres. Alguém me recomendou a não escrever tanto, pois pode ser incompatível ao mercado. Mas a questão de mercado realmente não me importa".

Cao leva uma vida muito simples. Ele falou:

"Não busco uma vida luxuosa. Uso uniforme da delegacia e quase não compro nada, com exceção dos livros. Tenho uma biblioteca de 5 mil livros.".

Para facilitar a produção, no entanto, Cao Naiqian é muito generoso. Gastou no começo da década de 90 o salário de seis meses para comprar um computador.