As miniaturas de macacos peludos, conhecidos como "Mao Hou" no idioma chinês, são fabricadas com a flor da magnólia e cigarras e representam a arte e o humor do povo de Beijing, que inventou esta expressão artística há 150 anos.
Os antigos habitantes de Beijing são conhecidos na China pela habilidade na criação de brinquedos, tanto para crianças quanto para adultos, entre eles os macacos peludos, bonecos, apitos de pombo e esculturas de coelhos vestidos feitas com argila, entre outros.
De acordo com a lenda local, a criação dos macacos peludos remonta ao período do imperador Tongzhi (1862-1874) da dinastia Qing, quando um jovem empregado de uma farmácia de medicina tradicional chinesa teve a idéia de criar macacos peludos utilizando os produtos que estavam à venda no estabelecimento.
Os artistas utilizam botões de magnólia, cobertos com penugem, como o corpo do macaco peludo, e colam-no com a cabeça e as garras de cigarras, que vão representar a cara e as pernas do macaco.
Ainda que exija paciência, habilidade e certos conhecimentos, não se trata de um trabalho complicado.
Porém, o maior valor artístico destas miniaturas reside nas encenações da vida cotidiana na antiga Beijing que representam os macacos peludos, ao interpretarem vendedores andarilhos de acerolas carameladas em um palito (comida tradicional muito popular entre crianças), videntes, carroceiros, músicos e os que transportam o palanquim nupcial para levar a noiva ao casamento.
Hoje em dia, um dos criadores de macacos peludos mais famosos de Beijing é o mestre Cao Yijian, que tem desenvolvido miniaturas com obras de temas modernos, como jogadores de ping-pong e voleibol, e obras satíricas que criticam certos fenômenos sociais como os funcionários incompetentes e as pessoas que gostam de contar vantagem. Além disso, são recorrentes os temas históricos e as histórias contadas na Ópera de Beijing.
Por algumas razões, os macacos peludos desapareceram entre 1940 e 1980. Em 1983, a aparição de obras assinadas por Cao em uma feira de arte folclórica em Beijing impressionou muito o público e animou um grupo de admiradores, jovens e idosos, a quem se dedica a criação de miniaturas de macacos peludos. A arte também foi difundida por outras regiões do país.
Yan Minyi, artista folclórico da cidade de Wuhan, da província central chinesa de Hubei, realizou uma série intitulada "72 ofícios", que representa as profissões tradicionais com as quais os habitantes da antiga Beijing ganhavam a vida, tal como a carpintaria.
Assim como outras artes folclóricas, a confecção de macacos peludos também enfrenta os desafios da vida moderna do país. As crianças chinesas já não brincam com as miniaturas de macacos peludos, mas sim com os videogames. Mesmo assim, são poucos os que sabem criá-los.
De acordo com Yu Guangjun, fabricante de macacos peludos e membro da Associação de Brinquedos de Beijing e da Associação de Artistas Folclóricos de Beijing, para que estas criações cheguem até as gerações futuras, é necessário não apenas as habilidades técnicas como também conteúdo cultural, social e histórico.
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