Da pintura, dos segredos da pintura I
As cenas distantes perdem-se na bruma, as rochas escarpadas estão envoltas em névoa. Destaca-se um letreiro em pano na loja do vinho. Foram descidas as velas dos barcos de lazer. Ao longe, esbatem-se as montanhas e em primeiro plano destacam-se as árvores.
Depois de muita prática com o pincel e a tinta, chega-se à liberdade de expressão.1 Com o avançar dos meses e dos anos, o pintor começa conhecer os segredos da arte. Os que, por intuição conseguem dominar estes segredos, não necessitam de muitas palavras. Os que têm aptidão para o estudo, devem seguir os princípios atrás enunciados.
Se o alto de um pagode toca o céu, não é necessário que se veja a base. O pagode tanto aparece como desaparece, em cima ou em baixo. Os fardos de palha, os montículos de terra, visto de cima ou de lado, distinguir-se-ão apenas em parte. Apercebem-se somente os contornos de uma cabana de colmo, de um quiosque de canas.
Uma montanha tem oito faces diferentes e uma rocha, três superfícies. Uma nuvem perdida no céu jamais se deve assemelhar a uma campânula. As pessoas não devem ter mais de uma polegada, os pinheiros e ciprestes devem pedir dois pés.
Expressão: Sanmei, abreviatura chinesa do sânscrito samâdhi, expressão budista que designa a liberdade plena do espírito e do coração.
Da pintura, dos segredos da pintura II
Hua Shanshui Fu
Ao retratar a paisagem, o pintor deve deixar o yi1 conduzir o seu pincel.
Quanto à proporção entre os elementos da paisagem, considerar dez pés para a altura de uma montanha, um pé para o tamanho de uma árvore, um décimo de pé para o porte de um cavalo, um centésimo de pé para o corpo de um homem.
Quanto à perspectiva, de longe não se vêem os olhos de um homem, não de distinguem os ramos de uma árvore, nem as rochas em montanhas de contornos suaves como subrancelhas. As águas distantes e serenas unem-se a um horizonte de nuvens.
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