Uma equipe do Brasil começou a rodar esta semana na China um filme com Lucélia Santos que poderá aproximar culturalmente ambos os países, como avaliou em entrevista exclusiva à Xinhua o ator brasileiro com ascendência chinesa Chao Chen.
"É muita honra trabalhar com Lucélia Santos aqui na China. Mas o mais importante é que eu estou participando da produção de um filme capaz de aproximar duas culturas tão diferentes", declarou Chao, protagonista que faz par romântico com a atriz conhecidíssima por brasileiros e chineses graças ao seu desempenho na telenovela "Escrava Isaura".
O ator -filho de chineses que emigraram para o Rio de Janeiro, cidade onde nasceu há 32 anos e em que estudou dramaturgia- tem motivos de sobra para estar feliz por trabalhar com Santos. Pelo menos 300 milhões.
Foi com essa quantidade de votos que a brasileira foi eleita em meados dos anos 80 merecedora do prêmio Águia de Ouro, reconhecimento anual dado pelos telespectadores chineses ao melhor artista de sua televisão, e que ela ostenta como única ocidental a recebê-lo até hoje,
Passadas quase duas décadas, a atriz goza de prestígio na China, país em que causa furor por onde passa, fato que faz os meios de comunicação locais solicitarem entrevistas, dado o interesse permanente da população por seu trabalho.
A "escrava" compreendeu o lado positivo do domínio que exercia e transformou isso em uma oportunidade pela que trabalhou durante muitos anos para agora dar os primeiros passos e buscar concretizá-la na forma de "O Amor do Outro Lado do Mundo".
O filme conta a história de Tching -um jovem chinês levado criança por seu pai, do Brasil, para a província chinesa de Sichuan, uma das locações da produção- que quer descobrir com ajuda da jornalista brasileira Luíza, personagem de Lucélia Santos, o passado da sua família emigrante no gigante latino-americano.
A direção do trabalho conta com Moacyr Góes que, através de sua equipe de produção, publicou anúncios em jornais da comunidade chinesa nas praças paulista e fluminense para encontrar um ator que pudesse viver Tching.
Depois de uma série de testes, que incluíram avaliações em chinês, inglês e português, o escolhido foi Chao quem, apesar de lutar por alçar vôo no mundo do cinema e teatro, há doze anos cruza os céus do planeta como comissário de bordo de uma companhia aérea.
"Como as obras cinematográficas brasileiras precisam de poucos personagens orientais, atores e atrizes da comunidade chinesa no Brasil têm geralmente poucas oportunidades de enriquecer", lamentou o ator que, apesar dos pesares, participou no Brasil em vários comercias publicitários, curtas-metragens e até três telenovelas.
"Tching e eu, temos muitos pontos em comum, como a nostalgia e a saudade da terra de origem", revelou o chinês-brasileiro, que deseja continuar sua carreira na China, e admitiu ter uma forte ligação com o País do Meio.
É com esse ambiente de recordações sentimentais, descobertas culturais mútuas entre os personagens e uma boa pitada de romantismo que os produtores do filme acreditam poderá fazer uma obra cujo objetivo é intensificar a cooperação cultural entre o Brasil e a China. Fim
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