Nos seus mais de cem anos - a primeira máquina cinematográfica foi introduzida no Brasil em 1896 - o cinema Brasileiro tem feito grande progresso e sua produção atraído a atenção internacional.
O Cinema Brasileiro sempre se valeu de uma grande variedade de temas e estilos, decorrente de sua imensa variedade de culturas, raças, sotaques, dramaturgias e geografias. Nas duas primeiras décadas do século XX já haviam sido realizados documentários em curta-metragem, filmes policiais, melodramas tradicionais, dramas históricos, patrióticos, religiosos e carnavalescos. Porém, a produção nacional começou a ganhar o grande público em meados de 1930, quando foram introduzidas comédias musicais do gênero "chanchada".
No final dos anos 1940, com a criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz - que contava com técnicos estrangeiros e equipamento sofisticado -, o Brasil passou a produzir filmes de qualidade internacional. De seus estudios saíu o épico "O Cangaceiro", que venceu o Festival de Filmes de Cannes em 1953, como o "Melhor Filme de Aventura".
Na década de 1950, o cinema Brasileiro passou por profunda transformação. O filme "Rio 40 Graus", de 1955, empregou técnicas de filmagens do neo-realismo italiano, utilizando pessoas comuns como atores e saindo às ruas para as filmagens. Seu diretor, Nelson Pereira dos Santos, abria o espaço para o movimento chamado Cinema Novo.
Sob o lema "uma idéia na cabeça e uma câmera nas mãos", o Cinema Novo caracteriza-se pela preocupação com os problemas nacionais. Entre os filmes mais conhecidos, "Vidas Secas" narra a estória de uma família de nordestinos afugentada de sua casa pela seca; "Deus e o Diabo na Terra do Sol" lida de maneira alegórica com o fanatismo religioso e político; e "Noite Vazia" retrata a dor e solidão das pessoas que moram num grande centro industrial.
No final da década de 1960, o movimento musical Tropicalista influenciou o cenário artístico brasileiro, ao enfatizar a necessidade de transformar influências estrangeiras em produto nacional. O filme mais representativo do Tropicalismo é "Macunaíma", que representa uma análise metafórica do caráter brasileiro, expressa no conto de um índio que deixa a floresta amazônica e vai para a cidade grande.
A criação da estatal Embrafilme, em 1969, deu uma nova dimensão à industria nacional. Até o encerramento de suas atividades, em 1990, foi responsável pela co-produção, financiamentos e distribuição da maioria dos filmes produzidos nas décadas de 1970 e 1980, como "Amuleto de Ogum", de Nelson Pereira dos Santos; "Guerra Conjugal", de Joaquim Pedro de Andrade; e "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Bruno Barreto.
Na segunda metade de 1990, com a introdução de novos incentivos fiscais, a indústria cinematográfica brasileira ganhou nova dimensão. A temática diversificou-se, passando a refletir temas do cotidiano nacional: pobreza, alegria, corrupção, a classe média urbana, violência, romance, aventura, comédia, drama, naturalismo e fantasia. Como consequência, a produção nacional cresceu.
No momento, mais de oitenta filmes de longa-metragem e mais de 300 curtas-metragem estão sendo produzidos. O público está também crescendo. Enquanto em 2002 a produção nacional respondia por menos de 8% do filmes assistidos no Brasil, atualmente ocupa mais de 20% do mercado. O Brasil conta com 1600 salas de projeção, atraindo um público estimado em 117 milhões/ano. A maioria dos filmes que compõe a Mostra Foco Brasil orgulhosamente reflete esse rico momento do cinema Brasileiro.
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