Ele é a primeira pessoa que dá importância à música da corte tibetana e esmiúça suas orquestras. Ao longo dos 40 anos, ele tem percorrido várias regiões remotas das minorias étnicas a fim de investigar as heranças musicais. A importância dele no estudo das músicas tradicionais étnicas é inquestionável. Ele se chama Mao Jizeng, famoso estudioso das músicas folclóricas da China.
Simpático e elegante, Mao ainda nutre uma ambição apesar dos seus 70 anos de idade. De acordo com ele, só abandonaria sua viagem musical se já não mais conseguisse andar.
Nascido em uma família camponesa da província de Sichuan, Mao ainda guarda nas suas memórias os refrões dos barqueiros ecoados na beira do Rio Min, que passa em frente da sua casa. Os refrões são uma espécie de música que é cantada pelos barqueiros quando puxam os barcos no rio. Comovido por esta melodia vibrante, ele passou a ter uma afeição pela música folclórica.
"Naquele ambiente, podiam-se ouvir quase todos os dias os refrões. As vozes dos barqueiros, ou vibrantes ou líricas, me emocionavam muito. Tenho adorado a música desde infância, sobretudo a música folclórica da China. "
Com esse amor profundo pela música, Mao estudou com afinco e conseguiu ser admitido pela Faculdade de Música do Instituto Artístico do Povo do Sudoeste. Após a graduação, ele foi para Beijing, trabalhando no Instituto de Estudos da Música da China. Em 1956, Mao participou por um acaso de uma equipe de pesquisa sobre a história tibetana. Foi exatamente essa ocasião que o ligou para sempre com a música tradicional do Tibete.
O Tibete é uma terra fantástica de artes. Quase toda a população tibetana sabe cantar e dançar. Quando Mao pisou pela primeira vez nesta terra lendária, lhe parecia entrar num palácio sagrado da música folclórica. Um dia, ele ouviu uma canção pastoril: Céu azul, nuvens brancas, rebanhos, pradarias? embora o tema da canção fosse completamente diferente de o da sua terra natal, ele foi conquistado por aquela melodia alta e firme.
Ao voltar do Tibete, Mao escreveu e lançou dois livros em que realizou uma investigação genérica e básica sobre a música tradicional do Tibete. Como domina detalhadamente os materiais da música tibetana, Mao se considera o erudito mais respeitável nesta área.
Os pontos históricos solenes, as músicas vibrantes, assim como os habitantes calorosos atraem tanto a Mao que lhe levaram a entrar sucessivamente 8 vezes neste lugar intitulado do Teto do Mundo. As obras dele, tais como o «Documentário da Música Tibetana», «A Música do Teto do Mundo» são tratados como materiais preciosos nos estudos neste campo.
Em 2000, escolhido para ser o responsável pelo projeto de exploração científica "A Cultura da Música Tradicional de Xinjiang", Mao percorreu mais de 30 mil quilômetros, e pesquisou as 12 principais etnias durante uma temporada de 4 anos. O resultado foi notável, registraram-se as músicas e danças típicas de diversas épocas e regionais de Xinjiang, oeste do país.
A trajetória de 30 mil quilômetros foi árida e perigosa, que se estendeu até ao fundo do deserto Gobi.
Lop Nur, ponto estratégico na Roda de Seda do leste da bacia Tarim, conserva bem as músicas tradicionais devido ao seu isolamento do exterior. Para adquirir as músicas mais antigas de Lop Nur, Mao e seu assistente entraram nesta zona desértica e despovoada. Ao recordar essa experiência, Mao disse:
"Ao entrar em Lop Nur, a gente não podia ver nada salvo o céu em cima e a areia em baixo. Às vezes, quando o carro ficou avariado, tínhamos que esperar um dia inteiro."
Durante mais de 40 anos de investigação, a trajetória de Mao cobre quase todas as regiões habitadas por minorias étnicas. Os esforços dele são para salvaguardar e proteger as heranças culturais e musicais das minorias étnicas, que ficam subordinadas à ameaça de impacto exterior. Sendo um especialista na música tradicional, Mao sente pesada a sua responsabilidade:
"A evolução social compromete o desenvolvimento das músicas tradicionais. Se eu não acolhesse essas músicas, elas iriam desaparecer. Contribuo um pouco nesta área, é a minha glória."
Após três dias da minha entrevista com o senhor Mao, este idoso de 72 anos de idade, partiu outra vez para a Região Autônoma de Xinjiang a fim de voltar de explorar sua música antiga e fascinante.
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