Este provérbio tem origem numa história narrada no livro chinês Huai Nan Zi, obra publicada no século I a.C.
Um velho, que morava numa aldeia fronteiriça, perdeu o seu cavalo.
Os vizinhos foram consolá-lo, mas o velho disse-lhes com toda a tranquilidade:
- Não se preocupem, meus bons vizinhos. Realmente perdi o meu cavalo; mas quem sabe se esta perda não será uma graça?
Ninguém percebeu o que o velho queria dizer com aquelas palavras.
Alguns meses depois, o cavalo voltou a aparecer em casa do dono, e vinha acompanhado de outros cavalos do país vizinho, que o tinham seguido quando regressara.
Os vizinhos foram, então, felicitar o velho, mas este, sem revelar qualquer euforia perante o sucedido, respondeu-lhes:
- Ganhei, de facto, alguns cavalos, mas isso também pode vir a significar uma desgraça.
Passado algum tempo, o filho único do velho, quando montava um desses cavalos, caiu e partiu uma perna, ficando manco em resultado desse acidente.
Os vizinhos foram, mais uma vez, consolar o velho, mas este, com toda a calma, disse-lhes:
- Obrigado, meus bons vizinhos; mas a invalidez do meu filho pode vir a ser uma graça.
Mal se passara um ano, quando o país entrou em guerra. Todos os jovens da aldeia foram chamados a combater, e a grande maioria morreu no campo de batalha. O filho único do velho, porém, fora dispensado de participar no combate, devido a ser inválido. Escapara, assim, à desgraça.
Desde então, e até aos nossos dias, na China, quando acontece uma desgraça a alguém, usa-se o provérbio O velho da fronteira que perdeu o seu cavalo para o consolar. Quem sabe se a perda não será uma graça?
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