A cidade de Chongqing, no sudoeste da China, está promovendo a 17ª Feira Nacional de Livros. O evento, organizado pela Administração da Imprensa e Publicação, mostra a nova tendência do setor editorial: as editoras chinesas estão com cooperação cada vez maior com a televisão, o rádio e a Internet.

Com 28 anos de existência, a Feira Nacional de Livros é o maior ponto de encontro para as editoras e distribuidores do país. Neste ano, ela reúne mais de 1.600 empresas e instituições do setor, que trouxeram para a exibição 260 mil livros e produtos audiovisuais.

Para o diretor da Administração da Imprensa e Publicação, Liu Binjie, a feira mostra a potencialidade do setor editorial chinês. No discurso proferido na cerimônia de abertura, ele falou assim:

"Com o aprofundamento da sua reforma, o setor editorial chinês vive seu melhor período de desenvolvimento. Foi lançado um grande número de publicações de boa qualidade. Os grupos de imprensa, editoras e distribuidores se consolidaram, elevando sua potencialidade e competitividade".

Os livros derivados de programas televisivos viraram destaque nesta edição da feira. Um dos exemplos bem-sucedidos é a Interpretação de Yu Dan sobre os Analetos de Confúcio. A Televisão Central da China (CCTV, na sigla em inglês) estreou no ano passado a série "Tribuna Televisiva", na qual historiadores e professores são convidados a interpretar, de forma acessível, as obras clássicas chinesas. O programa bateu o recorde de audiência e a interpretação de Yu Dan, professora da Universidade de Pedagogia de Beijing, sobre a obra clássica Analetos de Confúcio, foi um sucesso de público.

De olho no mercado, a Zhonghua Book Company lançou logo em seguida um álbum que reúne as palestras daquela série de programas televisivos. No dia de lançamento, foram vendidos 12.600 exemplares. Segundo a vice-diretora do Departamento de Distribuição da entidade, Qi Yao, a venda foi uma grande surpresa, apesar das meticulosas investigações de mercado que já haviam sido feitas. Ela falou:

"Lançamos o livro de Yudan no final de novembro do ano passado. Até agora, a venda já bateu 3,8 milhões de exemplares. Foi uma surpresa".

Segundo Qi Yao, a cooperação entre mídias e editoras deve ampliar efetivamente a tiragem das publicações e elevar a capacidade de editoras em termos de marketing e promoção comercial.

Para a funcionária do Liaoning Publishing Group, Qian Shujin, o casamento entre editoras e multimídias está esquentando. Seu sucesso, no entanto, é resultado de vários fatores.

"Este tipo de cooperação está se tornando muito comum. Há exemplos bem-sucedidos, mas também tentativas fracassadas. Para mim, seu sucesso exige vários fatores, como o conteúdo do livro, design e marketing".

Além de TV e rádio, as editoras chinesas estão buscando uma interface com a Internet, já que a leitura em páginas na rede mundial é cada vez mais popular entre os jovens leitores chineses.

Segundo o vice-redator-chefe da SDX Joint Publishing Company, Wang Jiaming, sua entidade está consciente do impacto exercido pela Internet sobre o setor editorial.

"O impacto ainda não é muito evidente. Mas, com o crescimento das novas gerações acostumadas à leitura pela Internet, ele deve se fazer sentir".

De acordo com Wang, com a crescente diversificação da sociedade chinesa, os leitores chineses estão aumentando seu gosto por publicações, fato que leva as editoras a prestigiar as regras do mercado.

Dangdang.com, a maior livraria on-line do país, promoveu durante a feira um fórum para pequenos e médios distribuidores. Para o vice-gerente da Shanghai XinHua Media Co. Ltd., Li Yanjun, a compra on-line de livros na China vive uma fase de amadurecimento. Seu volume deve ocupar, neste ano, 10% da venda total de publicações, fora os materiais didáticos. Segundo Li, quase todas as livrarias de Shanghai promoveram seus negócios on-line, buscando ampliar seu contingente de leitores. Apesar disso, conforme Li, as livrarias tradicionais são insubstituíveis. Ele disse:

"As livrarias on-line não vão substituir totalmente as maneiras tradicionais de leitura. Para mim, elas servem de uma forma complementar, que pode aperfeiçoar nosso estudo".