A exposição individual Ge´an (Do Outro Lado da Margem, em tradução livre), do pintor chinês Liu Qinghe, na Galeria Nacional de Belas Artes, despertou grande atenção no meio artístico do país. Para os críticos, o pintor deu um passo importante para a inovação das pinturas tradicionais chinesas. No bloco Personalidade Cultural, vocês vão conhecer o artista Liu Qinghe e suas obras.
A exposição Ge´an reúne 40 pinturas a tinta chinesa, retratando figuras humanas. Segundo o diretor da Galeria Nacional, a exibição pretende expressar uma sensação de "distanciamento" muito presente no cotidiano das pessoas da sociedade moderna. A sensibilidade do pintor chinês tocou os visitantes. Ouça o depoimento de uma deles.
"Fiquei emocionada com as obras exibidas. A técnica do pintor e o conteúdo de suas produções me impactaram".
Para os críticos, as pinturas de Liu refletem o universo psicológico de pessoas imersas numa era de modernização e industrialização, onde coexistem o desejo, a esperança e o constrangimento. O crítico de arte Yin Shuangxi comentou:
"Essas pinturas conseguem transmitir a complexidade do estado psicológico das pessoas que vivem na sociedade moderna. Elas não dão uma resposta definitiva, nem pretendem ensinar algo. Nesse aspecto, Liu Qinghe conseguiu fazer coisas que muitas pessoas não conseguem, nem imaginam. As obras dele possuem um valor insubstituível na história da pintura a tinta chinesa".
A pintura a tinta é uma das artes tradicionais chinesas. Com traços feitos a pincel e tinta chinesa, ela usualmente retrata montanhas, rios, flores e pássaros. Embutida na milenar cultura tradicional, esta arte é um dos patrimônios mais representativos do povo chinês. Antigamente, os pintores punham ênfase nas técnicas de produção e costumavam retratar pinheiros, bambus e ameixeiras, plantas que, para os chineses, podem refletir o lado espiritual do ser humano. A vida cotidiana, no entanto, raramente encontrava lugar na pauta dos artistas dedicados a esse estilo de pintura. Liu Qinghe quer ser um pioneiro na combinação desta arte com a sociedade moderna. Ele falou assim:
"Venho trabalhando na inserção de pinturas a tinta em nossa sociedade contemporânea. Ao mesmo tempo, procuro também preservar um processo criativo próprio".
Nascido em 1961 na cidade de Tianjin, Liu Qinghe se formou aos 20 anos na Escola de Artesanato e Belas Artes de Tianjin. Ingressou logo em seguida na Academia Central de Belas Artes, em Beijing, para estudar histórias em quadrinhos. No último ano de estudo, Liu produziu a série de gravuras Parede, em forma de história em quadrinhos, muito bem recebida no meio artístico. Em Parede, a preocupação de Liu com a vida real já se manifestava de maneira visível.
Depois disso, o pintor chinês iniciou sua aventura pelo mundo da pintura a tinta, surpreendendo colegas e professores, para quem essa arte parecia distante do cotidiano e da vida real. Contudo, esse conceito não foi obstáculo para Liu. Sob seus pincéis e tintas, as personagens ganham alma. De acordo com Liu, é difícil dominar as técnicas certas das pinturas tradicionais para retratar a vida urbana. O acúmulo de experiências e a reflexão sobre a vida podem servir como inspiração das suas produções. Ele falou:
"Procuro expressar meus sentimentos sobre a vida e achar um ponto de contato entre tradição e modernidade, por mais difícil que seja".
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