O imperador Ai, da dinastia Han do Oeste, tinha um ministro predilecto, Dong Xian, o queal, além de ter uma bela aparência, sabia bem como lisonjear o soberano.
A irmã mais nova de Dong Xian foi escolhida pelo imperador como concubina; o pai foi agraciado com o título de barão; e até o sogro e o cunhado passaram a ser altas figuras da corte. Dessa maneira, Dong Xian, sem nenhum mérito, tornou-se o aristocrata mais poderoso da dinastia, só porque sabia como agradar ao imperador.
O então primeiro-ministro Wang Jia, homem honesto, advertiu várias vezes o imperador, mas este não gostou dessas advertências e, pouco a pouco, foi-se afastando dele.
No ano dois antes de Cristo, morreu a avó do imperador Ai. A pretexto das cerimónias fúnebres, publicou o imperador uma ordem para que fosse concedido ao ministro Dong Xian mais um feudo de duas mil famílias, e incumbiu o honesto primeiro-ministro de executar essa ordem. Mas Wang Jia, em vez de a cumprir, devolveu ao imperador a ordem escrita que recebera, juntamente com uma carta, em que dizia o seguinte:
Sob a vossa protecção, Dong Xian não hesita em praticar as piores acções e a mais repugnante corrupção. O seu nome espalha-se por todo o império. Quem é apontado pelos dedos de mil homens, morre sem ser devido a qualquer doença. Espero que o imperador, tomando em consideração as dificuldades que os seus antepassados venceram para fundar a dinastia, modifique a sua atitude e se corrija.
Irritado, o imperador mandou prender o primeiro-ministro Wang Jia e meteu-o na prisão, onde acabou por morrer.
Da frase de Wang Jia, ficou o provérbio Apontado pelos dedos de mil homens, que os chineses usam, ainda hoje, para dizer que alguém é odiado e as suas atitudes condenadas por muitas pessoas.
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