O acervo fotográfico de Wu Jian mostra ao público a trajetória dos intercâmbios culturais entre o Oriente e o Ocidente há mil anos. Suas lentes capturaram magníficas imagens de Dunhang, revelando ainda a grandiosa paisagem e a história do Nordeste da China.

Segundo Wu "os afrescos e as esculturas de Dunhuang são lindíssimos. Então, devemos reforçar e externar sua beleza através da arte fotográfica. O acervo reflete a minha percepção sobre Dunhuang, servindo ainda como sua documentação".

Os laços entre Wu Jian e a fotografia foram criados há 23 anos. Wu tinha apenas 18 anos e foi admitido pelo Instituto de Estudos sobre a Cultura de Dunhuang. Ele ingressou no departamento de fotografia, embora nada soubesse sobre esta arte.

- Em 1984, comecei a fotografar esculturas chinesas. Mas, não encontrei fotografias artísticas sobre as grutas. Após um longo processo de aprendizagem e com o auxilio de famosos fotógrafos, encontrei meu destino em Dunhuang, afirma Wu.

Desde então, Wu começou a dedicar-se à pesquisa sobre fotografias. Contudo, o espaço restrito e a impossibilidade de se transferir as obras das grutas são os principais obstáculos enfrentados por Wu. Como refletir diferentes camadas dentro dum espaço limitado foi a primeira questão a ser resolvida.

Wu Jian: "O espaço restrito das grutas confina o fio de meu pensamento. Então, pretendo aproveitar a pose de filmes para mostrar a completa estrutura das grutas".

Isso, porém, não satisfaz Wu. Diariamente, ele passeava nas grutas com sua máquina fotográfica a fim de observar melhor as obras e de encontrar a necessária inspiração. Aos olhos de Wu, as esculturas e afrescos das grutas ganham vida.

Wu Jian: Fotografei várias vezes o Buda (bodhisattva). Em todas as oportunidades, experimentei diferentes sensações. No início, considerei-a somente uma escultura. Gradualmente, no entanto, passei a considerá-la como uma mulher e a nutrir um silencioso intercâmbio com ela. Embora seja uma peça de argila que não pode ser removida do local, os recursos fotográficos podem lhe conceder uma nova vida. Eis o que eu pretendo.

A foto "Santuário de Maitreya" foi completada em 1989 e ganhou muitos prêmios. Esta obra é uma manifestação de Wu pela sua paixão, o santuário budista---Dunhuang.

A arte de Dunhuang comoveu Wu Jian. Ao longo dos 23 anos, ele usou incontáveis filmes para tirar fotos. O que ele pode enumerar são seus 25 álbuns fotográficos e cerca de 50 álbuns executados em parceria com outros profissionais. Ele realizou exposições fotográficas sobre Dunhuang em Taiwan, Japão e nos EUA.

Wu Jian: Tanto os amigos chineses quanto os estrangeiros gostam de me perguntar, porque as grutas Mogao foram construídas em Dunhuang? Porque foram exploradas as grutas? Isso me dá um novo tema de estudo para resolver. Dunhuang não é um local isolado. Suas paisagens humanas e naturais, bem como a geografia e o clima a integram.

Wu volta sua lente para o deserto de Gobi e suas areias amarelas. Em determinada ocasião, choveu durante três dias consecutivos em Dunhuang. Para Wu, foi uma oportunidade única para realizar surpreendentes instantâneos.

Wu Jian: "No terceiro dia, o tempo abriu e parou de chover. Então, fui às grutas Mogao ao amanhecer. Queria tirar uma foto completa dela. Em frente das grutas, há uma colina de areia. Lá em cima se ergue uma torre de telecomunicações que mede 50 metros. Subi até que as minhas mãos se tornaram entorpecidas. Quando decidi descer, voltei a cabeça, e vi uma nuvem colorida. Ela me atraiu tanto que decidi continuar subindo, a fim de tirar as fotos".

Wu é fotógrafo do Instituto de Estudo sobre cultura de Dunhuang e um dos responsáveis pela sua preservação desde 1981. Sua lente registrou cenas inesquecíveis e vive em busca de novas descobertas.

Inconscientemente, trato a arte da fotografia como uma importante parte de minha vida.