Com o ancião da margem do rio
O coração dos homens deseja ouro e jade,
A boca dos homens cobiça vinho e carne.
Não é assim o velho da margem do rio,
Bebe da sua cabaça, satisfeito com tão pouco.
A sul do rio corta lenha e erva,
A norte do rio levanta paredes, um telhado.
Por ano, semeia apenas uma jeira de terra,
Na primavera puxa dois bezerros,
Dia a dia, entre lides e canseiras, tranquilo,
Despreocupado face aos problemas do mundo.
Encontrei-o, por acaso, caminhando na margem do rio,
Conduziu-me ao lar, alojou-me na choupana.
Na despedida, de regresso ao mercado e à corte,
O ancião perguntou por meu salário, meu ofício.
Duvidou, sorriu e disse:
"Os mandarins da corte não dormem em choupanas".
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