Cruel o frio na aldeia
Bai Juyi
Quinto dia, décimo segundo mês,
A neve cai pesada, dia após dia, mesmo bambus e ciprestes morrem de frio,
E que dizer dos pobres, cobertos de andrajos?
Olho a aldeia, ao meu redor,
Nove em cada dez lares habitados pela miséria.
O Vento Norte corta como espadas,
Ninguém possui abafos e peles,
Os aldeãos fazem uma fogueira com ervas e espinhos,
Acocorados ao fogo, tristes, aguardando a madrugada.
Eu vejo e sei como nos grandes frios
Padecem os desditosos camponeses.
Neste inverno cruel, no meu lar portas calafetadas,
Minhas roupas forradas a pele,
As cobertas acolchoadas, de brocado e seda,
Eu em casa, no leito, quente e confortável.
Não preciso sair e trabalhar nos campos,
Nem fome nem frio vêm ter comigo.
Penso, sinto vergonha
E pergunto: "Afinal quem sou eu?"
|