Das liberdade aos peixes
Bai Juyi
De madrugada, o criado, com um cesto de bambu,
Vai ao mercado comprar legumes.
De regresso, traz dois peixes prateados,
Sob a hortaliça e a aipo.
Silenciosos, abrem e fecham a boca,
Querem água, respirar, viver.
O cesto volteado no chão,
Os peixes espadanando, barulhentos.
A faca não será o pior de todos os destinos,
Há formigas esfomeadas avançando para eles.
Saídos da água não há muito tempo,
Sei como lhes assegurar a vida.
Meto os peixes num balde,
Apertados, esparrinham água por todo o lado.
Por agora estão salvos
Mas não poderão aguentar muito tempo.
Levo-os comigo, lanço-os no lago do Sul,
As águas do lago correm para o rio do Oeste.
Não hesitem, amigos, partam depressa,
Eu não faço o bem esperando recompensa.
Não vale a pena procurarem pérolas brilhantes
Entre areia e lodo, no fundo do rio*.
*Uma antiga lenda da dinastia Zhou fala de um peixe que ofereceu uma pérola a um pescador que, depois de o pescar, o devolveu às águas.
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