Quando você aprecia em auditórios um espetáculo músical ou mesmo as canções transmitidas no rádio, você consegue imaginar como nossos antepassados chineses apreciavam músicas há dois mil anos atrás e qual tipo de música eles gostavam? Se você tiver interesse, siga-me para fazermos uma viagem virtual para 2400 anos atrás.

Estamos em meados do século V antes do Cristo, altura em que a China se encontrava no período dos Reinos Combatentes. No norte do Rio Yangstsé, havia um reino chamado Zeng. Em seu palácio luxuoso, um homem nobre sentado em seu trono, mergulha nas lindas melodias da música.
No centro do salão, há uma orquestra formada por cerca de 20 pessoas. Entre os diversos instrumentos musicais tradicionais, destaca-se um carrilhão de sinos de bronze. Os 64 sinos com diversos desenhos em alto relevo dividem-se em três fileiras pendurados num suporte de 13 metros de comprimento e 2,7 metros de altura. Em frente ao carrilhão, há dois músicos com paus compridos na mão, em vez de bater os grandes sinos em baixo, eles dançam e cantam no ritmo da música. Por detrás do carrilhão, trabalham três mulheres com martelinhos, tocando os sinos menores nas primeira e segunda fileiras.
Caro amigo, nossa viagem virtual fica por aqui . Virtual através do tempo e do espaço geográfico, mas real, uma história verídica.
No verão de 1978, numa tumba no curso médio do Rio Yangtsé foram desenterrados 124 instrumentos musicais antigos, 64 dos quais eram carrilhões de sinos de bronze. O túmulo era do marquês Yi, do reino Zeng. Trata-se de um estado pequeno que existiu durante o período dos Reinos Combatentes, no período de 475 a 221 anos a.C., localizado na atual província do Hubei, na China central.
Além dos carrilhões de sinos de bronze, encontraram-se também outros carrilhões de pedras de jade, e ainda tambores, flautas, vários tipos de cítaras, entre outros. Os carrilhões, apesar de estar enterrados por longo período, encontravam-se em perfeita conservação, podendo soar em tons puros quando tocados. O maior sino pesa 203,6 quilos e o menor, 2,4 quilos. Cada sino de carrilhão pode produzir dois tons diferentes, dependendo do lugar em que se bate, mostrando a sabedoria dos nossos antepassados.
No entanto, na dinastia Han ( 206 a. C--- 220 d. C), esta técnica de fabrico de dois sons num só sino não foi preservada, uma grande pena para a história musical da China.
O carrilhão tem um registro de sons muito vastos, com cinco e meia oitavas, apenas lhe faltando duas oitavas nas extremidades para ser igual ao piano moderno.
Apreciação:
Composição antiga Canção do Bambu, a cargo do carrilhão de sinos de bronze e pedras de jade, assim como outros instrumentos musicais tradicionais da China.
Bambu é uma planta no sudoeste da China e serve de principal alimentação do panda.
Além de seu valor prático, o bambu aparece também frequentemente como tema nas pinturas e canções. A Canção do Bambu é uma canção folclórica da província de Sichuan, sudoeste da China. A canção, apesar do seu nome "bambu", não se destina exclusivamente à descrição do bambu, mas tem como conteúdo o elogio da paisagem das três gargantas do rio Yangtsé e o amor entre os namorados.
A Elegia da Separação é um famoso poema criado por Qu Yuan, grande poeta e austero político do reino Chu no período dos Reinos Combatentes da China. Manifestando seu anseio pela busca do ideal e o pranto de desesperança, o poeta assim diz: Acabou-se! Ninguém do país quer saber de mim! Porque penso ainda na minha terra natal? Já é tarde para oferecer os meus serviços para uma governação justa! Seguirei o destino de Pengxian. Pengxian foi um dos ministros sábios e competentes do estado Chu. A história conta que o soberano não ouviu os conselhos de Qu Yuan acerca de uma governação justa e correta. Por esse motivo Qu Yuan suicidou-se, afogando-se no rio Miluo.
O músico Chen Kangshi, do século IX a.C, adaptou o poema para uma composição comovente--- Chu Shuang.
O carrilhão de sinos de bronze não só pode interpretar melodias simples, mas também harmonia, polifonia e variações. Os músicos já executaram neste carrilhão várias peças musicais famosas da China e do Ocidente, dentre as quais, Ode à Alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven.
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