Quanto às artes da China, a ópera de Beijing é a mais conhecida no mundo por suas fortíssimas características no canto, na dança e na acrobacia. Porém, o teatro chinês, mais designadamente o drama moderno da China é menos conhecido, provavelmente pela dificuldade na comunicação através da língua chinesa. Mas, ultimamente, com os esforços dispensados, o teatro chinês também saiu do país, especialmente a peça "A Casa de Chá". Muito famosa na história do drama moderno chinês, a peça foi interpretada nos Estados Unidos e foi muito bem recebida pelo público local. Entre os dias 26, 27 e 28, a peça foi apresentada mais uma vez em Macau, onde obteve grande repercussão.
"A Casa de Chá", peça fundamental na obra literária de Lao She (1899 - 1966), famoso escritor contemporâneo chinês, faz parte da sua trilogia teatral escrita entre 1956 e 1957, "Camelo Xiangzi" e "O Fosso das Barbas de Dragão". "A casa de Chá", uma peça clássica da contemporaneidade chinesa, conta a história de uma casa de Chá de Beijing, originalmente chamada Casa de Chá Yutai. Na peça, são retratadas inteligentemente várias personagens da sociedade chinesa durante cem anos, mas centrando em cinquenta, desde os últimos anos caóticos da dinastia Qing até a época dos senhores da guerra, culminando na vitória na Guerra Sino-Japonesa. É mostrado um desfile de personalidades e uma sociedade em rápida mudança através da representações dos atores chineses.
A peça mostra a Casa de Chá Yutai de Beijing nos últimos anos da dinastia Qing, aparentemente próspera com fiéis clientes de todos os círculos sociais de Beijing, como idosos que passeiam com pássaros numa gaiola e donos de lojas de antiquários. O dono da Casa Wang Lifa procurava prosperar mais seus negócios e saudava todos os clientes. Porém, atrás desta prosperidade, era ocultado o declínio social, sufocado com todo o tipo de tristezas.
A obra do escritor Lao She foi altamente apreciada na literatura contemporânea chinesa, marcada pela revelação da realidade social daquela época ou por sua maneira de descrever a natureza.
Depois da publicação de seu romance, a obra foi adaptada pelo Teatro do Povo de Beijing e estreou no dia 29 de março de 1958 no Teatro Shoudu (Teatro Capital). Décadas depois, a peça continua a encantar o público, sendo um dos espetáculos apresentados de maneira contínua pelo Teatro do Povo de Beijing. Em 1980, a Casa de Chá foi a primeira peça de teatro chinês do país a ser apresentada no exterior. Segundo dados publicados, a peça já foi apresentada por mais de 500 vezes em mais de uma dezena de países e regiões do mundo.
Em outubro de 2005, a peça foi apresentada nos EUA e obteve grande sucesso.
Com uma grande diferença entre a cultura e língua de ambos os países, a peça foi apresentada com diálogos em chinês e acompanhada por legendas em inglês. Provavelmente com ótimas representações dos artistas chineses, o público acompanhou a peça logo depois do início e foi conduzido pelo drama do palco, seguindo a evolução da peça com seus corações palpitados. Ao terminar o espetáculo, os atores foram aplaudidos por um longo tempo.
Através da peça, os estrangeiros conseguiram conhecer a China, mais designadamente a vida de beijingneses naquela época e as mudanças sociais ocorridas. Para eles, os chineses sofreram muito na sociedade feudal e na guerra da invasão japonesa, até vendiam umas crianças para sustentar outras. Para muitos norte-americanos que não visitaram o país, conseguiram conhecê-lo.
O escritor Lao She nasceu em 1899 numa família manchú pobre. O pai morreu numa batalha que defendia Beijing da invasão de tropas anglo-francesas. Em 1918, ele concluiu seus estudos pedagógicos na capital e passou trabalhar como professor numa escola secundária. Em 1924, foi à Inglaterra trabalhando como professor de chinês no instituto de Culturas Orientais da Universidade de Londres. Durante o período, estudou a literatura inglesa e começou a se dedicar à criação literária. Em 1930, ele voltou à China, trabalhando como professor numa Universidade em Qingdao, na província de Shandong. Tendo passado a guerra de resistência à invasão japonesa, ele começou a produzir obras literárias.
Durante toda sua vida, Lao She escreveu romances, prosas e poemas, num total de 8 milhões de caracteres. Na sua obra se destacam sua narração popular e, por isso, é considerado um dos escritores mais populares da China. Vivendo sempre em Beijing, Lao She conseguiu retratar a vida de beijingneses com expressões vívidas e com seu carinho. Além da Casa de Chá, os romances "Camelo Xiangzi", "Quatro Gerações Sobre o Mesmo Teto" e "O Fosso das Barbas de Dragão" também são obras que focam as mudanças de Beijing.
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