Este provérbio tem origem numa história, ou melhor, em duas histórias muito engraçadas.
Segundo uma lenda chinesa, as cigarras cobrem - se com um certo tipo de folha, desaparecendo, assim, da vista dos pássaros. Diz - se que o homem que se cobre com esse tipo de folha mágica desaparece também aos olhos dos outros.
Absurdo... mas havia gente que acreditava nessa "conversa".
O pintor Gu Kai - zhi, da dinastia Jin, não tinha quaisquer dúvidas acerca disso.
Certa vez, o seu amigo Huan Xuan presenteou - o com uma folha qualquer, dizendo tratar - se da folha mágica.
Todo contente, cobriu o pintor o rosto com a folha, perguntando ao amigo se ainda conseguia vê - lo.
Huan Xuan finge procurá - lo: chama por ele, e vai ao ponto de urinar na presença do pintor, que continuava com a folha a cobrir - lhe o rosto.
Totalmente convencido dos poderes mágicos da folha, o pintor guardou - a como uma preciosidade.
A outra história é sobre um homem que acreditava na magia das folhas sob as quais as cigarras se escondiam, tendo coleccionado grande quantidade delas.
Certo dia, pegou numa das folhas "mágicas", pô - la sobre o rosto e perguntou à esposa se o via.
- Claro que vejo! - respondeu a mulher.
Sem desanimar, o homem pegou noutra folha, depois noutra e noutra ainda... Mas a resposta da mulher era invariavelmente a mesma.
A certa altura, porém, a mulher, já farta de estar sempre a repetir a mesma coisa, decidiu acabar com aquilo, dizendo ao marido:
- Não, homem, não te vejo!
O homem, todo feliz com a sua folha "mágica", foi direito ao mercado e começou a roubar tudo o que encontrava à frente.
O desfecho é evidente: foi preso e entregue à polícia.
Por causa destas duas histórias, os chineses passaram a usar o provérbio Tapar os olhos com uma folha ou Olhos tapados com uma folha quando alguém, desorientado por qualquer motivo, ou devido a interesses particulares e temporários, não consegue ver o essencial duma questão ou encará - la na sua total dimensão.
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