Não se assustem com este provérbio, prezados leitores, pois Quebrar panelas e afundar barcos não tem nada a ver com destruição e barbaridades, mas sim com uma expressão chinesa que é utilizada para manifestar determinação, decisão, vontade férrea de fazer alguma coisa.
Deixem-me contar-lhes a origem deste provérbio.
Há mais de dois mil anos, eclodiram na China várias revoltas de camponeses contra a dinastia Qin, a primeira dinastia feudal deste país.
Xian Yu foi o chefe duma dessas rebeliões, e combateu, à frente de oito mil seguidores, nas regiões do cusrso inferior do rio Huai.
Certa vez, Xian Yu ordenou aos seus homens que atravessassem o rio Zhang, para atacarem os 200 mil soldados que, sob o comando do general Zhang Hang, constituíram as hostes Qin.
Após a travessia do rio, ordenou Xian Yu:
---- Que cada soldado fique apenas com comida de três dias! Quebrem todas as panelas e afundem todos os barcos!
Perante isto, os soldados protestaram:
---- Como?! Afundar os barcos? Então não voltaremos? Por favor, Comandante, deixa-nos uma saída!
Mas a ordem do comandante tinha ser cumprida. Xian Yu tornou bem claro aos seus homens:
---- Agora, sem panelas e sem barcos, teremos de lutar e de avançar. Recuar seria a nossa morte!
Os soldados de Xian Yu, assim privados de qualquer possibilidade de sobrevivência caso recuassem, lançaram-se então com bravura sobre o inimigo, derrotando os 200 mil Qin.
Esta batalha fez com que Xian Yu se tornasse famoso.
Dois mil e duzentos anos se passaram, mas o provérbio, oriundo dessa guerra, ficou. Ainda hoje os chineses o usam para expressar a firme determinação de fazer alguma coisa.
Talvez possamos fazer equivaler este provérbio à expressão portuguesa Travar uma guerra sem quartel, uma guerra com vista a um total extermínio. Mas sobre o que não restam dúvidas é que, em chinês, Quebrar panelas e afundar barcos é uma expressão usada para referir a firme decisão de alguém relativamente a qualquer assunto, que não apenas no âmbito militar.
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