Para o magistrado Zhang
Wang Wei
Gosto da quietude no entardecer dos anos,
O coração livre, ausência de mil coisas,
A alegria de voltar à velha floresta.
A brisa dos pinheiros desenlaça minhas vestes,
Raios de luar acariciam o som da cítara.
Perguntas: "Qual a verdade suprema*?"
Vamos ouvir, lá longe, entre os canaviais,
A canção do pescador.
*É transparente a alusão a Chu Yuan (343a. C. ? 278 a. C.), um dos primeiros grandes poetas da China. Afastado da corte e de todos os importantes cargos que ocupou - chegou a primeiro-ministro -, Chu Yuan, pouco antes de procurar a morte, afogando-se nas águas do rio Miluo, na província de Hunan, encontrou um pescador. Disse-lhe, mais ou menos, estas perguntas: "O mundo está corrupto, eu quero permanecer puro, o mundo está embriagado, eu quero continuar lúcido.
O pescador remou em direção ao meio do rio e respondeu, de longe, ao poeta:
"Quando as águas estão limpas, aí lavo a minha roupa, quando as águas estão barrentas, aí lavo meu pés".
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