Habita aqui em frente a bela de Luoyang*,
Um rosto puro de menina de quinze anos,
O marido usa arreios de jade no cavalo baio,
Os criados servem pedacinhos de carpa em pratos de ouro.
No seu lar, pavilhões vermelhos, antecâmaras pintadas,
Pessegueiros rosa, salgueiros verdes debruçando-se sobre telhados.
Ao sair, sob um véu de seda, deixa o pavilhão dos sete perfumes*,
Ao regressar, escondem-na leques preciosos, cortinados das nove flores*.
O marido, rico, jovem como a Primavera,
Ultrapassa Ji Lun em extravagância e fausto*.
Apaixonado pela menina de Jade Verde, ensina-a a dançar,
Feliz, oferece aos amigos pequenas árvores de coral.
Nasce o dia, extinguem-se as nove velas do candelabro,
As chamas esvoaçam como pétalas de flor,
Não cessaram ainda jogos e canções.
Dia e noite, a gente importante da cidade
Vem de visita, em reverência, como às beldade de outrora.
Quem pensa na menina de Yue, de pele de jade,
Pobre, ignorada, lavando roupa nas águas do rio?
*Luoyang era na dinastia Tang a segunda cidade do império.
*Na construção das casas ricas eram utilizadas madeiras fragrantes, como o sândalo e a cânfora.
*Os números sete e nove estão associados à abundância, à boa sorte, ao luxo.
*Ji Lun é conhecido como sendo um dos homens mais ricos da velha China. Viveu durante a dinastia Jin do Leste (265-420). Entrou em competição com Wang Kai e Yang Xiu, outros poderosos do seu tempo, para provar qual deles era mais abastado. O imperador, que favorecia Ji Lun, ofereceu-lhe uma árvore de coral com mais de meio metro de altura. Na presença de Wang Kai, a árvore fo idespedaçada por Ji Lun, com um martelo. Para mostrar a sua fabulosa riqueza, e derrotar os competidores, Ji Lun mandou os ciradores buscar seis árvores de coral, maiores do que aquela que lhe enviara o imperador, e resolveu oferecê-las a Wang Kai e Yang Xiu.
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