Músicos, produtores fonográficos, personalidades de websites e grandes editoras de audiovisuais se reuniram há pouco tempo na cidade de Dujiangyan, no sudoeste da China, para prestigiar o 1º Festival Nacional de Música na Internet. A produção de músicas para download da Internet, segmento em franca expansão no país, provocou, no entanto, muita preocupação às indústrias tradicionais.
A Música na Internet - um meio mais fácil e rápido de se transmitir, a maioria da qual produzida e interpretada por músicos amadores -, ganhou a simpatia do público por suas simples melodias e letras que retratam de forma bem humorada o cotidiana.
A canção que você curte agora se chama O Rato Ama o Arroz, interpretado por Yang Chengang. Ela fez um tremendo sucesso ao ser lançado no ano passado na Internet, atingindo a marca de seis milhões de downloads para celular por mês.
Para o vice-presidente do website Sohu, um dos maiores portais chineses, Gong Yu, a decadência do mercado fonográfico encorajou a prosperidade das músicas produzidas para download na Internet, mais acessíveis ao público.
"Este tipo de entretenimento é muito mais acessível ao público. Desde que uma pessoa seja tecnicamente capaz de produzir, interpretar ou gravar, ele pode compartilhar a sua produção com outros internautas. Normalmente, esses músicos buscam a sensibilidade, ao invés de lucros ou fama".
Apesar da afirmação de Gong, os lucros gerados pelos download são atraentes. A canção O Rato Ama Arroz faturou mensalmente US$ 75,85 milhões, equivalentes à venda de 700 mil exemplares de discos tradicionais. Com isso, um número cada vez maior de internautas integra o contingente de produtores fonográficos na Internet. Conforme os dados divulgados pela International Federation of the Phonographic Industry (IFPI), 420 milhões de músicas foram baixadas no ano passado pela Internet e o download de músicas para celular movimentou US$ 660 milhões em todo o globo.
De olho no potencial do segmento, produtores fonográficos começaram a recrutar cantores dedicados à produção ou interpretação de músicas na Internet, como Zhang Lala. Para ela, as dificuldades financeiras obstruem a continuidade de sua produção. Ela falou:
"Para mim, é muito difícil para um cantor que inicia sua carreira via Internet prosseguir o trabalho sem aderir aos produtores fonográficos tradicionais".
A ansiedade de Zhang Lala pelo apóio concedido pelas indústrias reflete também o dilema enfrentado pelo setor: por um lado, o segredo das músicas populares divulgadas na Internet está na criatividade do público, por outro lado, seus cantores almejam um espaço maior para crescer, que raramente pode ser conseguido sem o investimento dos produtores fonográficos.
Outro problema frequentemente debatido pelo setor é a qualidade das produções, que se encontram ainda em sua fase inicial. A questão em relação a direitos autorais também preocupa. Para o responsável pela CRI online, Ma Weigong, que esteve presente no festival, a proteção da propriedade intelectual deve ser enfatizada.
"Como outros países, a China promulgou nestes últimos anos várias leis voltadas à resolução de disputas sobre direitos autorais na Internet, mas ainda há um longo caminho a se percorrer".
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