O mistério dos livros antigos descobertos em 1900 em Dunhuang, na província de Gansu, no Noroeste da China, foi finalmente desvendado. A Biblioteca Nacional lançou recentemente os primeiros 30 volumes ilustrados que integram a lista de 150 volumes do acervo a ser publicado até o final de 2007.

Escritos em vários idiomas como Chinês, Sânscrito e Iugur, o acervo aborda religiões, astronomia, geografia, história, vida cultural da China e Leste Asiático entre séculos V e XI. Nos vinte anos posteriores à sua descoberta, os livros se perderam devido às turbulências provocadas pelas guerras e estão agora distribuídos em mais de 40 países e regiões do planeta. Entre eles a Grã-bretanha, a França, a Rússia e o Japão.

A Biblioteca Nacional é dona do maior acervo dos antigos livros de Dunhuang na China. Ele é estimado em 16 mil exemplares, cerca de um terço do total existente no planeta. Segundo o vice-diretor da Biblioteca Nacional, Chen Li, o órgão criou nos anos 30 do século passado uma instituição destinada à preservação do acervo e, a partir dos anos 80, iniciou um trabalho voltado à publicação dos mesmos. Para ele, tanto a preservação quanto a divulgação do patrimônio cultural é importante. Ele falou:

"Tanto a proteção quanto a transmissão dos patrimônios culturais é importante para nós. Estamos empenhados nesses últimos tempos em divulgar o acervo por intermédio da tecnologia digital para que este seja mais acessível ao público interessado no tema".

Segundo o especialista na proteção de livros antigos, Zhang Zhiqing, a recuperação de cada folha exige uma complexa seqüência de processos, que pode consumir meses de trabalho. O emprego da tecnologia tradicional chinesa concedeu aos trinta volumes publicados uma alta nitidez. O mais importante é que ele abre espaço para novas ferramentas de recuperação. Zhang afirmou:

"O lançamento de uma publicação completa sobre os antigos livros de Dunhuang é uma dura tarefa. Primeiro, microfilmamos os originais. Depois, utilizamos as ferramentas digitais".

Para o pesquisador da Biblioteca Nacional, Lin Shitian, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a ser trilhado. Ele comentou:

"Estamos na era digital. Nosso trabalho se diversifica muito em virtude dos diferentes fundos culturais e tecnologias empregadas. Por intermédio das cooperações internacionais, somos capazes de assimilar avançadas técnicas ocidentais e introduzir suas tecnologias e opções administrativas. Tive a oportunidade de participar de várias conferências mundiais do setor para trocar opiniões com os colegas estrangeiros. Para mim, a atenção e o esforço que eles dedicam na recuperação do acervo são admiráveis".

Conforme Lin Shitian, no passado, a tecnologia para recuperação do acervo era transmitida oralmente no país. Em 2003, a Biblioteca Nacional revitalizou o catálogo de arquivos recuperados para sistematizar o trabalho.

Para o professor catedrático da Universidade Normal da Capital, Hao Chunwen, os especialistas chineses vêm participando de forma ativa e aberta das pesquisas sobre Dunhuang, tema em voga no âmbito especializado mundial. Ele falou:

"O estudo sobre Dunhuang aborda uma vasta área de investigação e pesquisa, o que exige cooperações conjuntas de diferentes nações. Dunhuang é um legado dos nossos antepassados. E somos obrigados a efetuar profundas pesquisas sobre o tema".