A 30ª Conferência dos Patrimônios Mundiais, celebrada neste mês em Vilnius, capital da Lituânia, aprovou a solicitação da candidatura de mais dois sítios chineses à lista de patrimônios mundiais. São eles as ruínas da antiga cidade Yinxu*, na atual província de Henan, e o habitat de pandas gigantes da província de Sichuan*. Com isso, o número de sítios tombados como patrimônios mundiais no país subiu para 33, ocupando o terceiro lugar no ranking mundial.
Os preparativos para a candidatura do tombamento dos patrimônios mundiais viraram, nos últimos tempos, trabalho predileto dos governos chineses de todos os níveis, pois o seu sucesso significa não só o incremento da fama dos sítios tombados, mas também o crescente fluxo de turistas, que traz lucros consideráveis para o crescimento da economia local. Disso, resultou-se a exploração excessiva, que pode ser fatal para a subsistência dos patrimônios culturais. É o caso da zona pitoresca Zhangjiajie, da província de Hunan, que foi criticada em 2001 pela Comissão dos Patrimônios Mundiais da ONU por ter construído hotéis, elevadores, teleféricos e outras instalações turísticas em demasia. Quanto ao fenômeno, o funcionário da Administração dos Patrimônios Culturais da China, Guo Zhan, comentou:
"A China é um país com vasto território e grande diferença regional. É lamentável que muitas províncias prestem mais atenção à solicitação de patrimônios do que em sua proteção".
Consciente do fenômeno, o governo chinês começou a adotar uma série de medidas para conter a exploração excessiva e enfatizar o papel da manutenção do acervo cultural. O Ministério da Construção anunciou neste mês a lista preparatória para a candidatura dos patrimônios mundiais nos próximos anos, incluindo 30 sítios pitorescos nacionais. Conforme o Ministério, caso for detectado a deterioração da qualidade dos recursos alistados, o suposto candidato será eliminado da lista. A projetista do Ministério da Construção, Chen Xiaoli, explicou:
"A elaboração da lista preparatória integra as medidas voltadas ao aperfeiçoamento do sistema para a proteção de patrimônios mundiais. Ela pode garantir o desenvolvimento sustentável dos recursos de patrimônios chineses".
Segundo Chen, diversos departamentos, inclusive os da área de patrimônios culturais, construção civil, silvicultura, proteção ambiental, turismo e religião, estão se empenhando conjuntamente na coordenação do trabalho. Para o especialista na proteção do acervo cultural, Luo Zhewen, 82 anos, a legislação do setor deve-se acelerar e o reforço na eficiência administrativa será enfatizado. "Desde 1985, ano em que a China se tornou país signatário do Convênio dos Patrimônios Mundiais, o número de sítios tombados tem seguido sua alta trajetória. Agora, o que precisamos fazer é manter a qualidade dos recursos naturais e culturais".
Ele citou como exemplo a exibição aérea russa efetuada no início deste ano na montanha de Tianmen, em Zhangjiajie. O programa para a exibição incluiu a proposta do cruzamento de aeronaves russos pelo meio do arco Tianmen, um dos maiores arcos naturais do planeta. A idéia, que sofreu forte crítica do público e da mídia nacional por arriscar atingir o arco, foi cancelada pelo organizador do evento.
Conforme Chen, instituições que protegem patrimônios culturais estão sendo estabelecidas e a reforma administrativa está em andamento.
*Segundo as pesquisas arqueológicas, baseadas nas inscrições sobre carapaças de tartarugas e em documentos escritos, Yinxu, situada na atual província chinesa de Henan, com superfície de 24 quilômetros quadrados, era a capital do final da dinastia Shang, há 3300 anos.
*A zona entre o rio Dadu e o rio Mingjiang, na província de Sichua, constitui o maior habitat nacional de pandas gigantes, uma das mais antigas criaturas do mundo. Ela cobre uma área de 9510 quilômetros quadrados, onde vive mais de 30% das pandas gigantes selvagens existentes no planeta, totalizando cerca de 480.
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