Foi encerrado ontem (16), no Rio de Janeiro, o Fórum Econômico Mundial sobre América Latina. Mais de 500 funcionários governamentais e personagens empresariais de 37 países discutiram a resposta dos países latino-americanos à crise financeira global. Os participantes da conferência rejeitaram o protecionismo comercial e urgiram os governos a não criar barreiras comerciais e aproveitar a crise como uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento econômico.
Na cerimônia de abertura, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião do evento, declarou que as medidas protecionistas adotadas por alguns países só podem obter efeitos de curto prazo. Ele descreveu o protecionismo comercial como uma droga que pode trazer satisfação temporária, mas também faz as vítimas caírem numa recessão prolongada.
Há longo tempo, o desenvolvimento econômico da América Latina tem uma alta dependência do mercado internacional, especialmente o norte-americano. Em todo o século 20, a economia latino-americana sofreu prejuízos enquanto beneficiava a prosperidade econômica dos EUA. A dependência demasiada da exportação de produtos agrícolas, secundários e minérios para promover o desenvolvimento econômico causaram a grande demanda por mercados e investimentos externos. Desde o início do século 21, os países da América Latina reajustaram o modelo de desenvolvimento econômico e aumentaram a capacidade de macrocontrole. Com o impulso do desenvolvimento acelerado das economias emergentes, desde 2003, a região latino-americana entrou numa fase de prosperidade que durou cerca de seis anos. Nesse período, com uma taxa de crescimento médio anual de 5%, 40 milhões de pessoas saíram da pobreza na América Latina.
No entanto, a crise econômica afetou o crescimento e reduziu a demanda de matérias-primas como petróleo e cobre. Isso causou recessão econômica em muitos países e fez milhões de pessoas voltarem à pobreza. Diante da redução do volume comercial e da elevação da taxa de desemprego, os líderes das nações latino-americanas tomaram diversas medidas para proteger a economia.
Na conferência, a vice-presidente do Banco Mundial, encarregada dos assuntos regionais, Pamela Cox, revelou que conforme a previsão do Banco Mundial, o PIB da América Latina deve ter um crescimento de -0,6% em 2009, 0,3% mais baixo do que a previsão de fevereiro. Porém, diferentemente da crise econômica do século passado, os países têm agora órgãos financeiros mais estáveis. Além disso, com a redução do déficit financeiro e das dívidas e aumento de rendas de divisas, as situações positivas permitem ao governo tomar medidas especiais para interferir na economia, como as políticas de diminuição de taxa de juros e impostos.
Os diversos países latino-americanos estão enfrentando muitas questões no desenvolvimento econômico, entre eles atraso da infra-estrutura e insuficiência do sistema educacional. Para muitas personagens do setor econômico, esta crise também marca uma oportunidade de fazer as nações da América Latina realizarem algumas reformas necessárias. Pamela Cox afirmou no fórum que os países latino-americanos devem utilizar medidas financeiras para responder à crise a fim de reforçar a criação do seu sistema de seguridade social e alterar a situação de baixa eficiência que persiste há longo tempo.
De acordo com os analistas, as medidas protecionistas adotadas pelos países europeus, EUA e América Latina vão afetar as exportações em diversos países latino-americanos. O presidente brasileiroa usou a história do naufrágio do Titanic para ilustrar sua opinião sobre a crise mundial. "A verdade nua e crua é que entrou água no navio e nesse momento não importa se estamos na primeira classe ou na quarta classe, como quando o Titanic afundou, quem estava no barco pagou o preço".
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