Foi encerrada ontem (2) a 2ª Cúpula Financeira do G20 em Londres, capital do Reino Unido. Segundo especialistas chineses, os diversos consensos alcançados entre os participantes da conferência sobre aumento dos capitais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e reforço de monitoramento financeiro, têm um significado muito importante para a reativação da economia global. Ouça agora a reportagem sobre o tema.
Antes da Cúpula Financeira de Londres, as divergências entre França, Alemanha e EUA, assim como entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, punham em dúvida o possível sucesso da conferência. No entanto, os líderes participantes chegaram a consensos em torno de quase todos os principais temas da pauta. Conforme o diretor do Centro de Pesquisa sobre Economia, Diplomacia e Segurança do Instituto de Estudos Internacionais da China, Jiang Yuechun, a superação das divergências demonstra que os diversos países reconhecem a importância da resposta conjunta à crise financeira internacional.
"Os países desenvolvidos e em desenvolvimento já perceberam que, diante da crise financeira global, todos estão interligados. Assim, este desejo de cooperação está mais forte do que antes. Todos os países acham que a crise requer uma resposta conjunta e um reforço das colaborações. O ponto mais destacado da reunião é refletir os apelos de todos os países."
Na conferência, os líderes do G20 concordaram em injetar US$ 1,1 trilhão nos órgãos financeiros internacionais, entre eles o FMI, a fim de oferecer assistência aos países pobres. A diretora do departamento de pesquisa em economia mundial do Instituto de Relações Contemporâneas e Internacionais da China, Chen Fengying, acredita que o programa de injeção de verbas tem um significado muito importante para tirar das dificuldades alguns países à beira da falência.
"O FMI tem um papel essencial no atual sistema financeiro internacional. Desde a explosão da crise financeira, pelo menos 30 países encontraram dificuldades de financiamento e recorreram ao FMI. O volume de fundos da entidade era de US$ 250 bilhões, mas agora tudo já foi usado. Portanto, o aumento dos fundos do FMI é a melhor solução para estabilizar finanças e ajudar alguns pequenos países a resolver suas questões."
Quanto à reforma dos órgãos financeiros internacionais, os líderes do G20 também alcançaram consensos sobre o monitoramento de todos os órgãos, produtos e mercados financeiros influentes e impuseram pela primeira vez os fundos de cobertura ao monitoramento financeiro. Além disso, os participantes da conferência também decidiram criar uma comissão de estabilidade financeira para substituir o fórum atual no setor e executar testes junto com o FMI sobre os riscos da macroeconomia global e do mercado financeiro.
Durante a cúpula, os líderes concordaram ainda em reformar o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, assim como aumentar a representatividade das economias emergentes e países em desenvolvimento. Chen falou:
"O quadro existente, ou entidades financeiras, não é racional. Por exemplo, o presidente do FMI é europeu e o presidente do Banco Mundial vem dos EUA. Por isso, o FMI e o Banco Mundial se inclinam ao quadro antigo. Na nova conjuntura, o poder dos mercados emergentes ascendeu. A cúpula decidiu romper os limites passados, atendendo a demandas das nações em desenvolvimento e dos países BRICs."
Os dirigentes do G-20 prometeram continuar se esforçando para cumprir as metas do milênio e os compromissos para com os países em desenvolvimento. A cúpula pediu que o FMI ofereça US$ 6 bilhões em assistência às nações carentes através da venda de ouro, nos próximos 2 ou 3 anos. Para a pesquisadora, a atenção do encontro aos países em desenvolvimento resultou de mudanças do enquadramento dos poderes no mundo.
"As exigências dos países em desenvolvimento aumentaram porque seu poder incrementou. Além disso, a crise financeira já se tornou uma crise econômica. A crise econômica impacta diretamente os países subdesenvolvidos, sobretudo os mercados emergentes e a região do Centro e Leste Europeu. Suas dificuldades foram causadas pela crise financeira dos EUA e da Europa."
Wang Yuechun, diretor do Centro de Pesquisas de Economia, Diplomacia e Segurança do Instituto de Estudos Internacionais, considera que os consensos da cúpula ajudarão a estimular a economia global. Porém, ainda é cedo para dizer se os resultados do encontro vão ter efeitos reais.
"Os acordos podem ter efeitos positivos na economia mundial. No entanto, devemos saber que esses consensos são apenas cláusulas por escrito e é necessário julgar suas influências com as ações posteriores."
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