No momento que o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outros órgãos relativos consideram definir a previsão de desenvolvimento econômico global deste ano como "crescimento leve" ou "entrada em declínio", uma outra organização importante para o setor - a Organização Mundial do Comércio (OMC), deu ontem (23) uma definição clara à atual situação. O bloco divulgou um relatório, em Genebra, sede da entidade, ponderando que o volume do comércio global deste ano vai encerrar a tendência de crescimento contínuo de décadas, dando lugar a uma retração em torno de 9%. É o marco da mais grave decadência comercial, desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o relatório, neste ano, a economia desenvolvida tem uma situação mais rigorosa de decadência comercial, a redução será de cerca de 10% contra 2% a 3% da economia em desenvolvimento. A conclusão dos economistas da OMC é baseada na análise profunda da situação do comércio global do ano passado e na tendência de desenvolvimento da crise financeira internacional da atualidade. O relatório não leva em consideração o fator de flutuação que pode ser gerado pelos preços de produtos, mas foca no volume de comércio de mercadorias. O estudo revela que o comércio global aumentou em 2% no ano passado, menos de 4,5% do previsto pela OMC. Os EUA, China e Alemanha ainda ocupam os primeiros três lugares de maiores importadores e exportadores. Segundo a pesquisa, a taxa de aumento de 2% não é muito satisfatória, mas foi promovida completamente pelo crescimento comercial do primeiro semestre.
No segundo semestre do ano passado, o comércio global deu os primeiros sinais de redução. Os pesquisadores anotaram as relações estreitas entre a tendência de retração comercial e a crise financeira dos EUA. Em setembro de 2008, explodiu a crise financeira nos EUA e expandiu constantemente para o resto do mundo. Diminuição dos preços de ações e imóveis, retração dos capitais e insuficiência de circulação causaram a redução de demandas e importação. Conforme o relatório, desde o quarto trimestre do ano passado, a importação nas principais economias entrou em decadência óbvia. Além disso, os seis maiores parceiros comerciais, que ocupam 70% do valor exportador total da China, também caíram em declínio econômico, causando grande redução nas exportações chinesas.
O relatório também revela que depois da ocorrência da crise financeira, as economias elaboraram diversos tipos de pacotes de estímulo à economia. As medidas podem obter resultados previstos ou não. É preciso tempo para verificar. No entanto, a julgar pela influência da crise financeira à economia real e o efeito lento das medidas, é difícil uma recuperação óbvia do comércio global. O documento também revela alguns sinais positivos. Em fevereiro, a importação de algumas economias da Região Ásia-Pacífico apresentou tendência de elevação. Segundo os economistas da OMC, são dados de apenas um mês, e aumentos da importação contem o fator de consumo nas férias. Portanto, é preciso prudência para fazer o julgamento.
O secretário-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, enfatizou no relatório a influência mútua entre comércio e crescimento econômico. Ele afirmou que durante décadas, o aumento comercial contínuo tem sido uma força motriz de desenvolvimento econômico global. Por isso, o estímulo à recuperação de crescimento comercial também pode ser um modo eficiente para responder à crise financeira internacional da atualidade. Ele apontou que a cúpula financeira do G20 será uma boa oportunidade para os países participantes buscarem medidas eficazes para resolver a decadência econômica e persistir na abertura comercial. Lamy também reiterou sua posição de opor-se ao protecionismo. Ele disse que algumas economias acrescentaram o conteúdo de protecionismo nos pacotes de estímulo econômico. Porém, caso os produtos estrangeiros sejam recusados, a outra parte pode tomar a mesma medida como resposta, o que não protege o emprego do país, e ainda prolonga o tempo de duração da crise.
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