A Assembléia Nacional francesa (câmara baixa) aprovou ontem (17) a decisão de retorno ao comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o que facilita a volta plena da França à OTAN no início de abril. Analistas consideram que a questão gerou polêmica no país, mas o governo Sarkozy persiste na decisão com a intenção de elevar a influência da França e promover a construção da defesa européia. O sucesso ou não do retorno integral da França à OTAN vem despertando ampla atenção da imprensa.
O primeiro-ministro François Fillon expôs na Assembléia Nacional a política externa do governo e a decisão de reintegrar a OTAN e pediu dos deputados um "voto de confiança". Após um debate de quatro horas, Assembléia Nacional aprovou a decisão.
Fundada em 1949, a OTAN foi criada no período da "Guerra Fria". A França foi um dos fundadores da organização mas, visando garantir a soberania militar, o então presidente Charles de Gaulle decidiu retirar o país do comando integrado em julho de 1966. A França continuou como membro político, mantendo cooperação estreita com o órgão.
Quando chegou à presidência da França, Sarkozy enfatizou a melhora das relações com os EUA. O país apresentou oficialmente a intenção do regresso à OTAN no Livro Branco da Defesa Nacional e Segurança publicado em 2008. Sarkozy considera que as contribuições militares da França não correspondem a sua influência na OTAN e que somente com o regresso ao comando integrado o país pode participar completamente nas decisões, elevar sua influência dentro da organização, reforçar a confiança dos países aliados e promover a defesa européia. No encerramento do seminário "França, defesa europeia e OTAN no século 21", realizado no dia 11, Sarkozy declarou que o momento do regresso da França à OTAN já chegou.
A ratificação desta decisão pela Assembleia Nacional abre caminho para o regresso completo da França à OTAN. Nos últimos anos, a influência internacional da França se retraiu por causa da diminuição da força do país e da sua ausência do comando integrado da OTAN. A França quer um papel maior no cenário mundial. O regresso à OTAN vai reforçar voz de Paris nas decisões da organização e a posição da União Européia (UE) na OTAN, o que vai ser uma boa oportunidade para a expansão da influência da França, buscando seu lugar entre as grandes potências.
Uma das condições apresentadas pela França para o regresso à OTAN é que o país deve ter posição influente na organização e compartilhar direitos de comando. O primeiro-ministro François Fillon revelou ontem que depois de regressar à organização, vai administrar o quartel-general das forças aliadas no Estado de Virgínia nos EUA e o quartel-general regional da OTAN em Lisboa, Portugal.
A França tem promovido políticas de segurança e defesa conjuntas na UE. Os EUA e alguns países europeus que preferem a proteção da OTAN têm preocupações de que isto prejudique a unidade da organização. Assim, a construção da defesa europeia ganhou poucos avanços nos últimos anos. Agora, a França quer erradicar as preocupações dos outros países por meio do regresso à OTAN e tentar ganhar mais direitos de decisão na organização. Além disso, a França tem outra condição: que os EUA abandonem a posição ambígua e levem adiante o desenvolvimento conjunto da defesa europeia. No entanto, considerando a própria estratégia global, os EUA deram boas-vindas à decisão de retorno da França à OTAN.
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