A Coréia do Sul e os Estados Unidos lançaram ontem (9) seu exercício militar conjunto anual, apesar da forte oposição da República Popular Democrática da Coréia (RPDC).
O supremo comando militar da RPDC ordenou ontem às tropas do país que tenham disposição para uma guerra contra a Coréia do Sul e os EUA. O país também anunciou a suspensão de todas as linhas de telecomunicações militares com seu vizinho. A escala do confronto entre as duas Coréias agravou a tensão na Península Coreana.
Um total de 26 mil soldados norte-americanos e 50 mil sul-coreanos vão participar da manobra de Key Resolve/Foal Eagle, realizada na Coréia do Sul. Entre os 26 mil soldados dos EUA, 12 mil são das tropas do país na Coréia do Sul e os restantes 14 mil foram do território norte-americano ou bases militares em outros países. O exercício conjunto entre a Coréia do Sul e os EUA, que é realizado todos os anos, visa elevar a capacidade de defesa contra ataques externos.
A RPDC, no entanto, considera que a atividade desta vez pretende manobrar um ataque ao próprio país via terrestre, aérea e marítima, assim como uma guerra nuclear. "É uma ameaça militar sem disfarces e uma declaração de guerra", disse Pyongyang.
A RPDC reagiu fortemente ontem ao ordenar a preparação completa das forças armadas para combater uma invasão e afirmou que é uma medida racional para salvaguardar o país.
Em resposta à manobra conjunta Coréia do Sul-EUA e ao alerta de EUA, Coréia do Sul e Japão contra seu o lançamento de satélite, Pyongyang anunciou ontem que vai adotar medidas "retaliativas inclementes" contra qualquer operação que viole a soberania ou os espaços terrestre, aéreo e marítimo da RPDC.
Também disse que a obstrução de satélites do país significa a guerra e Pyongyang vai reagir com ações militares. Além disso, a RPDC vai suspender as linhas de telecomunicações militares com a Coréia do Sul durante a manobra, assim como reforçar o controle na região perto da Linha de Demarcação Militar entre os dois países.
O governo da Coréia do Sul lamentou ontem a ação da RPDC e urgiu que sejam retomados os contatos militares bilaterais. O Ministério da Reunificação da Coréia do Sul divulgou uma declaração dizendo que o governo do país afirmou, repetidas vezes, que é um exercício de natureza defensiva e espera que Pyongyang observe os acordos com Seul e pare com as ações que causam o aumento da tensão na região.
A suspensão das linhas de contatos militares também afetou a visita de cidadãos sul-coreanos à RPDC. Uma delegação sul-coreana de 700 profissionais de geração, que planejava visitar o Parque Industrial na cidade de Kaesong ontem, não conseguiu entrar na RPDC. Outra delegação de 80 sul-coreanos também não conseguiu voltar para o país. Segundo estatísticas, 621 sul-coreanos estão impedidos na RPDC. O governo da Coréia do Sul expressou preocupação com a segurança dessas pessoas.
O enviado especial norte-americano para a questão da RPDC, Stephen Bosworth, disse ontem na Coréia do Sul que o reforço dos contatos entre as duas Coréias é o meio essencial para a desnuclearização e a atenuação de tensão na Península Coreana.
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