Hillary Clinton começou ontem (15) um giro por quatro países asiáticos na sua primeira visita diplomática como secretária de Estado do governo Obama. A imprensa norte-americana considera que a China, embora seja a última parada, será o ponto alto da viagem.

Hillary Clinton vai visitar Japão, Indonésia, Coréia do Sul e China. Um funcionário do Departamento de Estado disse que Clinton é a primeira secretária de Estado norte-americana a escolher a Ásia como destino da primeira visita diplomática. Ela vai trocar idéias com as autoridades dos quatro países sobre o enfrentamento da crise financeira, problemas humanitários, segurança e mudanças climáticas. Antes, Clinton afirmou em discurso na sede da Sociedade Asiática dos EUA, em Nova York, que sua viagem pela Ásia pretende transmitir ao exterior o sinal de que os EUA vão continuar se dedicando aos assuntos asiáticos e dialogando com os líderes regionais sobre a solução dos problemas gerados pela crise financeira, que ameaçam tanto a bacia do Pacífico, como outras regiões do mundo.

A opinião corrente nos Estados Unidos é que a primeira parada de Clinton, o Japão, tem importante significado simbólico para os principais aliados dos EUA na Ásia, a questão da Península Coreana será um ponto-chave na visita à Coréia do Sul e a visita à Indonésia reflete a vontade de aprofundar as relações com o Sudeste Asiático, mas o ponto alto da viagem será a última parada, a China. Na edição de ontem (15) do Washington Post, um artigo intitulado "China é ponto focal da primeira viagem de Clinton" lembrou que, durante a campanha presidencial no ano passado, Clinton qualificou as relações bilaterais com a China como "as mais importantes do mundo", gerando preocupações no Japão. No entanto, agora a secretária de Estado vai tornar realidade esta afirmação. Ela acrescentou no seu discurso que "algumas pessoas consideram que a ascensão da China vai transformar o país em rival mas, em vez disso, acreditamos que a China e os EUA são complementares. O reforço da cooperação nas áreas de atenção comum e a ampliação das oportunidades entre a China e os EUA correspondem os interesses dos Estados Unidos."

Analistas consideram que as relações favoráveis com a China são, atualmente, uma das poucas políticas diplomáticas bem sucedidas do governo Bush. David Shambaugh, chefe do projeto das políticas para a China da Universidade George Washington, assinalou: "O governo Bush manteve as relações mais harmoniosas com a China dos últimos 20 anos. Existe, entre as duas partes, entendimento de alto nível, confiança, atitude pragmática e complementaridade."

A imprensa acredita que a solução da atual crise financeira internacional depende da cooperação entre a China e os EUA. A avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) este mês aponta que, em relação ao PIB do país, o pacote chinês de estímulo à economia é o segundo maior entre os países do G20, atrás apenas do pacote do governo Obama, e que a influência da China na resistência à crise financeira também fica em segundo lugar no G20. Nicholas Lardy, do Instituto Peterson de Economia Internacional, disse que o governo chinês tem auto-confiança e acredita que seu pacote pode estimular o crescimento econômico.

Mas especialistas também ponderam que a atenção de Clinton aos problemas dos direitos humanos e do Tibete podiam se tornar obstáculos para o desenvolvimento das relações sino-americanas. O vice-secretário de Estado dos EUA, James Steinberg, afirmou que o giro de Clinton pela Ásia será principalmente uma viagem para "ouvir" e "entender as idéias e preocupações dos nossos parceiros, a fim de buscar uma solução comum".