A capital espanhola sediou entre os dias 26 e 27 a Reunião de Alto Nível sobre Segurança Alimentar da ONU. O encontro discutiu meios de enfrentar de maneira eficaz o problema da fome, que ameaça cerca de 1 bilhão de habitantes em todo o globo.

Esta reunião é a continuação da cúpula sobre segurança alimentar realizada em junho de 2008 em Roma. Participaram representantes de mais de 100 países e organizações internacionais. Os participantes formularam o "Mapa de Rota" das ações para a segurança alimentar, a fim de enfrentar com eficácia o problema da fome e garantir o cumprimento da meta e das promessas feitas na reunião de Roma.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, e o ministro de Assuntos Exteriores e de Cooperação da Espanha, Miguel Angel Moratinos, presidiram juntos a cerimônia de abertura. Em seu discurso de abertura, Diouf apelou por cooperações de todo o globo, para chegar a uma unanimidade em torno da erradicação da pobreza e da segurança da oferta de alimentos. Ele indicou que, apesar da queda dos preços no momento, a crise alimentar não acabou, e ainda pode se deteriorar. Moratinos afirmou também que cerca de 1 bilhão de pessoas ainda estão passando fome. Ter acesso a alimentos suficientes e ficar livre da fome constituem direitos humanos básicos, que os diversos países têm o dever de respeitar e proteger, advertiu ele.

No dia 26, o secretário-geral da ONU Ban Ki Moon e o primeiro-ministro espanhol José Luis Rodriguez Zapatero publicaram conjuntamente um artigo no International Herald Tribune, manifestando a esperança de que a reunião de Madrid possa ajudar a melhorar a situação de segurança alimentar em todo o globo. O artigo enfatizou que, apesar da relevância do problema econômico na atualidade, a eliminação da pobreza continua sendo prioridade entre as metas do milênio da ONU, e é necessário estabelecer um mecanismo financeiro e monetário duradouro para garantir a segurança alimentar e eliminação da pobreza na esfera mundial, especialmente para garantir o desenvolvimento e a subsistência das crianças e livrá-las da fome.

A vice-presidente do escritório do Banco Mundial na Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou na reunião que é muito acentuado o problema da produção agrícola na África e é necessário aumentar os investimentos na infra-estrutura agrícola. Em declaração divulgada às vésperas da reunião, ela previu que o preço dos gêneros alimentícios vai continuar alto em 2009. Com a grande oscilação nos preços e a crise financeira internacional, os países em desenvolvimento continuam tendo pela frente os desafios de segurança alimentar. O famoso economista norte-americano Jeffrey Sachs sugeriu a criação de um fundo coordenador dentro do Banco Mundial, voltado para as centenas de milhões de famílias africanas rurais incapacitadas de auto-suficiência, para ajudá-las a melhorar a capacidade de produção.

Segundo um relatório divulgado pela FAO em dezembro último, devido à alta dos preços de alimentos, a população atingida pela fome no ano passado chegou a 963 milhões de pessoas em todo o globo, com um aumento de 40 milhões de pessoas em relação a 2007, especialmente nos países em desenvolvimento. Os analistas consideram que, apesar de alguma queda nos preços dos alimentos no mercado internacional, a recessão econômica trazida pela crise financeira internacional pode provocar uma nova crise alimentar. Portanto, os diversos países, especialmente aqueles em desenvolvimento, precisam dar atenção à produção agrícola e aumentar os investimentos na agricultura.