O fim do prazo de uma semana para o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no dia 25, vem despertando apreensão sobre a possibilidade da retomada dos conflitos na Faixa de Gaza. Os analistas, porém, consideram que essa possibilidade é muito reduzida.
Do ponto de vista de Israel, não há necessidade de lançar novas ofensivas militares no momento. Na reunião de gabinete realizada no dia 25, o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert afirmou que a situação no sul já melhorou muito, a operação "cast lead" alcançou a meta prevista e as tropas israelenses estabeleceram um poder de dissuasão suficiente sobre o Hamas. Por outro lado, uma nova ofensiva contra a Faixa de Gaza às vésperas das eleições parlamentares de Israel prejudicaria a imagem de principais partidos da coalizão. Em vista disso, o atual governo de Israel está dando mais atenção à promoção das disposições de segurança da comunidade internacional, a fim de viabilizar um cessar-fogo duradouro.
A retomada dos conflitos tampouco é do interesse do Hamas. O "cessar-fogo de uma semana" anunciado no Cairo por Ayman Taha, um dos negociadores do Hamas, tem como objetivo a retirada das tropas israelenses, a abertura das fronteiras da Faixa de Gaza e a entrada dos materiais humanitários para satisfazer as necessidades básicas da população local. Uma declaração do vice-presidente Mussa Abu Marzuq, divulgada na noite de 18, deixou mais clara a postura do Hamas ao anunciar que a organização está se preparando para receber um acordo de cessar-fogo "visando livrar perpetuamente a Faixa de Gaza do bloqueio israelense". Esta era também a proposta do Hamas desde que subiu ao poder, especialmente desde que assumiu à força o controle unilateral da região em junho de 2007. Antes disso, as ofensivas duradouras do Hamas não tinham dado resultados.
Além disso, as pressões da comunidade internacional também são um fator a considerar. A Faixa de Gaza está passando por um importante período de avaliações para reconstrução pós-guerra. As operações militares já causaram graves perdas humanas, inclusive civis, e Israel está na mira de acusações de violação da lei internacional.
Outro fator que não pode ser omitido: não está clara a postura dos EUA, país de grande influência sobre a situação palestino-israelense. Apesar do presidente norte-americano Barack Obama ter afirmado que vai acompanhar de perto o cessar-fogo na Faixa de Gaza, sua política ainda não foi esclarecida. Segundo afirmou dia 24 um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Israel, o enviado especial de Obama para a questão do Oriente Médio, George Mitchell, realizará dia 28 sua primeira visita à região. Será a primeira rodada de ação direta a ser adotada pelo novo governo norte-americano para impulsionar o processo de paz. Mitchell vai se encontrar com líderes israelenses e palestinos para discutir a retomada das negociações, bem com as medidas para prevenir o contrabando de armas do Hamas.
A julgar pelos pontos que esclarecemos, apesar de frágil, o cessar-fogo entre Israel e Palestina é significativo.
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