O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse ontem (11), em Moscou, que mesmo com a assinatura de um protocolo que prevê a criação de um órgão para supervisionar o trânsito de gás natural por território ucraniano, o governo russo não vai aplicar o protocolo devido ao conteúdo alterado no documento pela Ucrânia. A decisão é mais um problema na retomada do fornecimento de gás natural russo à Europa via Ucrânia.
Medvedev afirmou que a atitude da Ucrânia violou o protocolo assinado pela Rússia e União Européia (UE) e que a retomada do abastecimento de gás natural russo à Europa tem que ter duas premissas - o protocolo assinado pela Rússia, UE e Ucrânia tem que ser idêntico ao documento elaborado, deliberado e assinado pela Rússia. E os observadores devem chegar às regiões fronteiriças ucranianas para realizar o trabalho de supervisão
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, assinalou na conversa telefônica com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, que o conteúdo alterado pela Ucrânia é "inaceitável" para a Rússia, porque mudou essencialmente o protocolo e que certas partes não tratam do transporte de gás natural, mas das relações comerciais com Gazprom e Naftogaz.
No dia 31 de Dezembro, as negociações entre Rússia e Ucrânia sobre o preço de gás natural e a dívida ucraniana encerraram sem resultados. A Rússia decidiu suspender, desde 1º de Janeiro, o fornecimento de gás natural à Ucrânia. Depois, a Rússia elevou continuamente o preço de gás para obrigar a Ucrânia a se submeter. No dia 6, a Rússia reduziu o volume de abastecimento de gás natural aos países europeus via Ucrânia. O país acusa a Ucrânia de "roubar" o gás natural russo destinado à Europa e tomou ação no dia seguinte para cortar completamente o fornecimento de gás natural à Europa pela Ucrânia.
Cerca de 25% do gás natural da UE são importados da Rússia e 80% são transportados por dutos ucranianos. Após o corte de transporte de gás natural russo à Europa, o abastecimento de gás dos 18 países membros da UE e de outros países europeus foi prejudicado, especialmente nos países do Leste europeu.
Para resolver o problema, os líderes da UE realizaram uma mediação permanente entre a Rússia e Ucrânia. A Rússia persiste no envio de observadores internacionais com membros russos nas regiões pelas quais passam os dutos ucranianos de transporte de gás natural e pediu que as diversas partes assinem oficialmente documentos competentes sobre o envio dos observadores, mas a Ucrânia não deu "resposta positiva" sobre isso. Com a mediação do primeiro-ministro da República Tcheca, país que ocupa a presidência rotativa da UE, Mirek Topolanek, a Rússia, Ucrânia e UE assinaram, no dia 11, o acordo das três partes. Topolanek acredita que os países europeus voltem a receber gás natural russo dentro de 36 horas.
Analistas ponderam que a disputa de gás natural entre a Rússia e Ucrânia mostra as contradições profundas entre os dois países. Nos últimos anos, a Ucrânia tem relações mais estreitas com a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do que com a Rússia. Atualmente, a Ucrânia enfrenta crise econômica e política. A pressão da Rússia sobre a Ucrânia, no conflito do gás natural, demonstra as relações frias entre as duas partes, o que tornou a disputa entre os dois países ainda mais difícil de resolver.
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