Ontem (29) foi o terceiro dia de ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza. Bombardeios que duraram toda a noite do dia 28 se concentraram em arsenais, fábricas de equipamentos militares, postos de guarda, locais de lançamento de foguetes e armazéns, assim como em 40 túneis que ligam o território palestino ao Egito. Navios do Hamas também foram alvos dos ataques de Israel. Até ontem, as forças israelenses já haviam realizado 300 bombardeios aéreos na Faixa de Gaza. Mais de 320 pessoas foram mortas e 1.400 ficaram feridas.
Na manhã de ontem, militantes armados palestinos dispararam vários foguetes contra o território israelense, matando ou ferindo mais de 20 pessoas. Os bombardeios de Israel diminuíram à tarde devido ao mau tempo, mas as tropas terrestres intensificaram seus trabalhos de organização. Até as seis horas da tarde, todos os preparativos para um ataque terrestre já haviam sido concluídos. Segundo se informou, todos os trabalhos do exército israelense foram preparações para a segunda etapa da operação militar de Israel em Gaza.
Ao mesmo tempo, o líder do Hamas, Khaled Mashaal, que está exilado na Síria, pediu ao presidente da Organização da Conferência Islâmica e presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, que transmita a intenção de assinar um acordo de cessar-fogo. Na noite de ontem, outro líder do Hamas, Moussa Abu Marzouk, que também está na Síria, disse que o Hamas não discutirá a trégua com Israel a não ser que o país suspenda todas as ofensivas contra a Faixa de Gaza e abra todos os portos ao redor da região.
A ação militar do exército israelense terá uma influência profunda na conjuntura do Oriente Médio.
Os ataques aéreos em Gaza desencadearam repercussões diferenciadas entre altos funcionários do governo israelense. O ministro da Ciência, Cultural e Esporte, o árabe Raleb Majadele, boicotou a operação militar e não compareceu a uma reunião do gabinete israelense sobre o assunto. Ele apelou para que o governo ponha um fim imediato à ação que causou a intensificação da tensão na região e que o Hamas pare com os ataques de foguete contra Israel.
Durante a reunião de ontem, o deputado árabe Ahmad Tibi criticou a decisão do quadro de liderança do governo por ser voltada para fins políticos próprios, trocando assentos no Parlamento por corpos de palestinos.
Além disso, a ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza deixou a Jordânia e o Egito em um impasse, causando dificuldades para a mediação do conflito por estes dois países.
A operação do exército israelense pode resultar em ondas de refugiados de Gaza. Apesar de o problema ainda não ser muito evidente atualmente, sinais já surgiram. No dia 28, na linha de fronteira entre Gaza e o Egito em Rafah, com extensão de 14 quilômetros, ocorreram cinco casos de violação da fronteira. Testemunhas disseram que centenas de palestinos entraram no território egípcio por buracos abertos com escavadeiras e outros equipamentos.
Em outro aspecto da crise, Mahmoud Abbas deixará o cargo como presidente da Autoridade Nacional Palestina no dia 9 de janeiro de 2009. Os ataques aéreos israelenses desfavorecem a situação do líder. O negociador-chefe palestino, Ahmed Qureia, declarou ontem que a Autoridade Nacional Palestina vai suspender as negociações de paz com Israel como protesto contra a operação militar do país em Gaza. Ele disse ainda que a Palestina não retomará as conversas se Israel não encerrar os ataques contra o povo palestino.
Além disso, as negociações de paz entre Israel e Síria, que foram retomadas em maio deste ano, ainda não tocaram em questões essenciais. Com a escalada da tensão na Faixa de Gaza, a Síria afirmou no dia 28 que foi a ofensiva israelense que fechou as portas dos esforços pelo processo político de paz. Quanto a isso, a Turquia, mediadora do processo, também não pode agir.
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