O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Comissão Européia Durão Barroso e o presidente da França, na presidência rotativa da União Européia, Nicolas Sarkozy, compareceram nesta segunda-feira ao Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para participar da 2ª Cúpula Brasil-União Européia. A resposta conjunta à crise financeira internacional foi um dos principais temas do encontro.
Na 1ª Cúpula, realizada em Lisboa em julho do ano passado, foi sugerida a criação de uma parceria estratégica. Na reunião de ontem, os líderes decidiram estabelecer oficialmente a parceria e, para este fim, elaboraram um plano de ação.
Falando durante a coletiva de imprensa no final do encontro, o presidente Lula disse que a importância da cúpula é aprofundar as relações Brasil-União Européia.
"Esta reunião tem importância singular para o aprofundamento das relações Brasil-União Européia. Adotamos o Plano de Ações da Parceria Estratégica, que constituirá o principal marco de nosso diálogo e cooperação. A Parceria resultou de uma convergência de interesses que vai além dos valores e princípios que defendemos nos foros internacionais. Neste momento de tanta incerteza e turbulência no cenário global, podemos trabalhar juntos em temas cruciais para nossos países e para a comunidade internacional."
O Plano de Ação concluído nesta reunião contém propostas concretas em áreas como promoção da paz e segurança por meio do fortalecimento do sistema multilateral, promoção da parceria econômica, social e ambiental, promoção da cooperação em ciência, tecnologia e inovação, bem como intercâmbios nas áreas de educação e cultura. Segundo Lula, a parceria representará um canal adicional importante para a discussão sobre questões macroeconômicas e financeiras.
A crise financeira, naturalmente, foi um dos temas mais importantes da cúpula. Na Declaração Conjunta, os dois lados reiteraram que, para evitar uma nova crise, é necessário continuar com uma atitude assertiva e ambiciosa, a fim de auxiliar na remodelação da arquitetura financeira global e promover princípios comuns para a reforma dos regimes regulatórios e institucionais dos mercados financeiros. A União Européia deve ficar ao lado do Brasil para uma transformação profunda no sistema financeiro global, afirmou o presidente francês Sarkozy.
Apesar da crise econômica, o intercâmbio comercial entre o Brasil e a União Européia cresceu 26% e ficou acima de US$ 77 bilhões, o que representa 22% do comércio global do Brasil. Os investimentos diretos dos países europeus no Brasil em 2007 somaram US$ 18 bilhões. Isso equivale a 54% do total absorvido pelo Brasil naquele ano. No entanto, o presidente Lula considerou que comércio com a UE ainda tem espaço para crescer.
Brasil e União Européia devem trabalhar juntos para um desfecho bem sucedido e no mais curto prazo possível. Seria excelente sinal para a economia mundial e importante ganho para empresários e trabalhadores. As negociações comerciais e do acordo de associação Mercosul e Européia são outros desafios para nossas criatividade e flexibilidade, se quisermos chegar a um entendimento que estimule o comércio e os investimentos.
Na verdade, a cúpula não pode resolver todos os problemas de um dia para o outro. Brasil e União Européia têm interesses distintos nos foros internacionais, como o subsídio agrícola na Rodada de Doha. Para o presidente da Comissão Européia Durão Barroso, Brasil e União Européia devem continuar a enfrentar juntos os desafios.
Em primeiro lugar, nesta cúpula, Brasil e União Européia, decidimos trabalhar em conjunto, para as grandes questões da governança global, nomeadamente, a crise financeira e crise econômica como lutar contra elas. E também como relançar o processo da Rodada de Doha. Vai haver dia 2 de abril, a nova cimeira do G20 em Londres e hoje, de modo concreto, estabelecemos a maneira como vamos trabalhar juntos, União Européia e Brasil, para fazer avançar uma agenda em que há uma grande convergência do Brasil e da União Européia, do que diz respeito, à necessidade de criar uma nova arquitetura econômica global.
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