A assembléia geral da ONU aprovou e emitiu no dia 10 de dezembro de 1948 a Declaração dos Direitos Humanos. Trata-se do primeiro documento da entidade sobre os direitos e a liberdade básica dos seres humanos. Em 1950, a organização declarou o 12 de dezembro como o Dia Mundial dos Direitos Humanos e a partir do mesmo ano, as entidades da ONU, governos e ONGs, bem como personalidades interessadas na promoção dos direitos humanos, vêm promovendo comemorações nessa data. A partir de 10 de dezembro de 2007, a ONU implantou um programa anual alusivo ao 60º aniversário da Declaração e as comemorações chegaram a seu apogeu ontem.

Em discurso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a aprovação da Declaração, há 60 anos, é um marco documental e representa a aspiração dos seres humanos por um futuro de prosperidade, dignidade e coexistência pacífica. Hoje, a Declaração continua fazendo parte da essência da ONU. Ban ressaltou que os desafios de hoje são tão assustadores como os enfrentados pelos redatores do documento como, por exemplo, as emergências alimentares e financeiras, destruição do meio ambiente e repressão política. "É nossa responsabilidade coletiva manter os direitos da Declaração", disse Ban.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navathenem Pillay, divulgou também ontem uma nota, dizendo que a Declaração dos Direitos Humanos tem se tornado referência para mais de 90 países na elaboração de sua Constituição e leis. Para ela, este documento expressa pela primeira vez, que os direitos humanos são os direitos que todos os seres humanos devem ter ao nascer ao invés de uma prenda oferecida pelos governantes. Pillay considerou que muitas pessoas ainda não gozam dos direitos humanos e que alguns países estão ainda longe dos compromissos assumidos nesse campo.

A assembléia geral da ONU convocou ontem uma reunião extraordinária para discutir as experiências positivas e negativas nos últimos 60 anos, as crises e desafios nos direitos humanos e os esforços para a sua promoção. Em discurso, o presidente da assembléia da ONU, Miguel D´Escoto Brockman, disse que a essência da Declaração dos Direitos Humanos diz respeito às necessidades fundamentais da educação, saúde, emprego, habitação, cultura, alimentação e entretenimento, problemas que atingem todo o mundo. Falando da falta de vontade política sobre os direitos humanos, o presidente do Conselho da ONU para os Direitos Humanos, Martin Ihoeghian Uhomoibhi, afirmou que a pobreza continua sendo o maior problema em muitas regiões mundiais, impede o acesso da população aos direitos humanos básicos e priva crianças, idosos e mulheres da garantia de seus direitos e interesses, enquanto o racismo e a exclusão constituem desafios significativos para o desenvolvimento dos direitos humanos.

A assembléia geral da ONU promoveu ainda ontem a cerimônia de entrega do prêmio dos direitos humanos.

No cenário internacional, foram realizados simpósios, conferências à imprensa, concertos, exposições e exibição de filmes dedicados aos 60 anos da Declaração da ONU. Em Paris, local da aprovação e publicação do documento, foi exibida uma série de curta-metragens sobre o tema dos direitos humanos. Em Nova Delhi, na Índia, 2500 estudantes comemoraram a data em maratona pelas principais avenidas da cidade. Na África do Sul, as principais cidades do país lançaram uma campanha de 10 dias sobre a proteção dos direitos humanos, com a participação e financiamento da ONU. Na sede da ONU, em Nova Iorque, um concerto entrará em cartaz na próxima semana para comemorar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.