2008 é o ano de avaliação da fase intermediária da concretização das Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU. A ONU elaborou em 2000 oito metas de desenvolvimento, entre as quais a primeira tarefa era reduzir, até 2015, o número de pessoas em situação de pobreza e fome em 50% em relação ao número de 1990. Mas, até agora, a população faminta mundial não diminuiu, mas aumentou, o que trouxe novos desafios para a concretização das metas da ONU. Como a comunidade internacional pode cumprir as promessas de erradicação da fome? Ouça agora a reportagem.

No primeiro semestre deste ano, os preços de alimentos no mundo aumentaram continuamente, causando manifestações de pessoas famintas e até conflitos violentos e crise política em alguns países. Segundo os dados estatísticos da ONU, a atual população faminta já aumentou para 923 milhões. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou sua preocupação sobre isso:

"O preço de alimentos no mundo cresceu 50% no ano passado. É possível que o número de famintos e pobres ainda aumente em 100 milhões, o que trará prejuízos graves para a realização das Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU."

Uma reunião urgente de alto nível das autoridades dos 27 órgãos da ONU foi realizada em abril em Berna, capital da Suiça, a fim de enfrentar os atuais desafios. Ban Ki-moon anunciou uma série de medidas para superar a crise de alimentos:

"Já tomamos decisões solenes, incluindo medidas de curto, médio e longo prazo. Primeiro, devemos resolver o problema de alimentos para os pobres. A ONU pede que a comunidade internacional, sobretudo os países desenvolvidos, ofereçam uma ajuda urgente de US$ 755 milhões à organização."

Foi realizada em Roma, sede da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), uma conferência de alto nível sobre segurança alimentar mundial. A conferência prometeu doar cerca de US$ 20 bilhões para ajudar os países pobres. Mas a crise financeira internacional ocorrida desde meados deste ano agravou o problema da segurança alimentar. O diretor do Departamento de Cooperação entre Governos da FAO, Abdolreza Abbassian, analisou:

"A crise financeira pode influenciar a produção e o consumo de alimentos. Atualmente, importantes países e regiões de produção de alimentos, como os EUA e a Europa, passam por uma crise de crédito e os produtores de alimentos têm mais dificuldades de acesso a capital e empréstimos. A crise econômica ainda vai prejudicar a demanda e reduzir o consumo de produtos como carne e leite, mas aumentar a procura de cereais."

Como grande país em desenvolvimento, a China também vai tomar medidas para ajudar os países pobres a elevarem seu nível de produção agrícola. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou as políticas da China quando participou da reunião de alto nível das Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU:

"A China vai dobrar o número de centros de tecnologia agrícola de ajuda nos países em desenvolvimento e o número de especialistas e técnicos agrícolas enviados ao exterior nos próximos cinco anos. O país vai oferecer preparação agrícola aos países em desenvolvimento e doação de um fundo de crédito de US$ 30 milhões à FAO para ajudar os países a melhorarem sua capacidade de produção de alimentos e aumentar a exportação e o apoio aos países onde faltam alimentos."

Abbassian elogiou as medidas de ajuda da China e considera que a solução com sucesso da China do problema de alimentos da população de 1,3 bilhão é a maior contribuição à concretização da segurança alimentar global.

"A China é um grande país com situação complexa. Mas com a política estável e a forte capacidade de administração do governo chinês, as políticas agrícolas chinesas incluem diversas medidas de prevenção. Por isso, o país não foi muito afetado pelo aumento do preço de alimentos no ano passado. Atualmente, a China não exerce mais pressão sobre o mercado internacional de alimentos".