Desde a noite de 26, a cidade indiana de Mumbai, centro econômico na costa oeste do país, ficou outra vez na sombra de atentados terroristas. Dez construções na zona central da cidade - estação ferroviária, hotéis, cinema e órgãos do governo - , foram alvos de ataques simultâneos de terroristas que deixaram, até a manhã de hoje (28), 132 mortos e 300 feridos.

Há dois anos, também em Mumbai, uma forte explosão num trem lotado de passageiros deixou mais de 200 mortos. Diferentemente do que aconteceu daquela vez, quando explosivos foram escondidos com antecedência, no atentado do dia 26, os terroristas atiraram diretamente contra civis e prédios públicos. Houve explosões em dois hotéis de luxo, o Taj Mahal e o Oberoi. Os elementos armados, com rostos cobertos, invadiram os hotéis e abriram fogo contra as pessoas no local.

O atentado em Mumbai estaria ligado a outras grandes explosões ocorridas na capital Nova Deli e em Guwahati, maior cidade da província de Assam, no norte da Índia. Cada explosão deixou dezenas de mortos e grande número de feridos. Segundo os dados oficiais, a Índia registrou cerca de 800 atentados terroristas só este ano, um número que equivale à soma de todos os ataques ocorridos nos últimos três anos.

Para os analistas, os motivos dos freqüentes atentados são principalmente os seguintes:

Primeiro, a agravação dos conflitos entre etnias e religiões. A Índia é um país de grande diversidade étnica e religiosa. Os hinduístas são 80% da população, mas todas as principais religiões do mundo têm fiéis no país, especialmente o islamismo, cujos seguidores somam 12% da população. Conflitos sangrentos têm acompanhado o desenvolvimento social do país há milênios. Durante o domínio britânico, os colonizadores fomentaram uma política administrativa separatista entre hinduístas e muçulmanos, que acarretou três guerras e agravou o confronto entre as duas religiões. Por isso, o conflito religioso é sempre um dos principais motivos da agitação interna indiana. Além disso, as forças separatistas também são um importante fator de instabilidade nacional.

Segundo, a disparidade entre ricos e pobres. Devido a motivos históricos e sociais complexos, a desigualdade social na Índia é vinculada à religião e à etnia. Ao mesmo tempo, o desequilíbrio econômico é influenciado por fatores internacionais, criando assim ambientes propícios para as ações violentas.

Finalmente, as medidas obsoletas contra o terrorismo. Nos últimos anos, todos os lugares da Índia revelaram-se muito vulneráveis aos ataques terroristas. Embora os grupos extremistas tenham assumido várias vezes a responsabilidade por atentados terroristas, os órgãos de segurança não conseguiram capturar um terrorista até hoje. O premiê indiano Manmohan Singh declarou ontem (27) que o governo realizará reformas na polícia e na inteligência e criará uma agência de elite encarregada exclusivamente da investigação dos atentados terroristas. Os indianos estão ansiosos para que o plano seja concretizado o mais cedo possível e surta efeito na repressão aos extremistas.