Diante da recessão global e da desaceleração no crescimento econômico nacional, a China passou a adotar políticas financeiras positivas e uma política monetária moderadamente relaxada. Analistas ponderam que a mudança na estratégia macroeconômica ajudará a estabilizar a previsão de crescimento no curto prazo e impulsionará a transformação estrutural da economia chinesa, que no longo prazo deverá ser orientada pela demanda doméstica.
As políticas financeiras ativas têm como teor principal o investimento governamental e a redução de impostos. O governo chinês decidiu na semana passada investir 4 trilhões de yuans em dois anos em projetos de melhora das condições de vida, infra-estrutura, meio ambiente e reconstrução pós-calamidade, além de elevar a renda da população.
O vice-diretor do Instituto de Pesquisas Financeiras da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Wang Songqi, considera que o pacote de estímulo à economia contribuirá efetivamente para o aumento da demanda interna e a estabilização da previsão do crescimento econômico.
"O desempenho do pacote é muito grande. O investimento vai estimular capitais de crédito e verbas populares, incluindo as de governos locais. O efeito será multiplicado."
O governo chinês ratificou no dia 12 a primeira etapa do plano de investimento, de 50 milhões de yuans. Os projetos-alvo incluem gasodutos, usinas nucleares, hidroelétricas e aeroportos. Isso mostra que os grandes projetos infra-estruturais serão o ponto focal das políticas financeiras ativas da China.
O vice-diretor do Instituto de Pesquisas sobre Políticas Macroeconômicas da Comissão Nacional para a Reforma e o Desenvolvimento, Wang Yiming, considera notável o efeito da melhoria infra-estrutural sobre o estímulo à economia.
"Recentemente, o estoque de aço tem aumentado rapidamente. O cimento está na mesma situação. O reforço da infra-estrutura pode incentivar as indústrias relacionadas, liberando sua produtividade. Adicionalmente, isso beneficiará de maneira significativa a criação de empregos e o aumento da renda dos trabalhadores, além de ajudar na melhora das condições de vida da população e na estabilização do crescimento econômico."
Além dos investimentos maciços na infra-estrutura, a China começou a elaborar o plano de redução de impostos. O governo decidiu reajustar o imposto sobre valor agregado a fim de reduzir os encargos sobre as empresas. A iniciativa reduzirá mais de 120 bilhões de yuans em impostos para o setor empresarial.
A alteração da política monetária tem maior significado simbólico, já que esta é a primeira vez em dez anos que a China adota uma política monetária moderadamente relaxada. Isso significa que a política monetária do país jamais tomará como base a restrição da oferta de moeda e a retração dos empréstimos.
Desde o final de setembro, os principais bancos centrais do mundo fizeram vários cortes em taxas de juros para interferir na economia. Considerando que a inflação no país foi controlada de forma efetiva, o banco central chinês baixou três vezes sua taxa de juros em dois meses, efetuou duas reduções na taxa de reserva e aboliu o limite de empréstimo dos bancos comerciais.
O vice-presidente do Banco Popular da China, Su Ning, disse que o termo "moderadamente relaxada" não significa um relaxamento generalizado, mas sim seletivo, com mais atenção à qualidade e à eficácia dos projetos.
"Reforçaremos o empréstimo para os setores prioritários da política de aumento da demanda doméstica. Já propusemos a ampliação do crédito dos bancos de desenvolvimento, para que seu empréstimo ultrapasse quatro trilhões de yuans até o final do ano. Ao mesmo tempo, aumentaremos o apoio financeiro às empresas de pequeno e médio porte, economia energética e redução de emissões, construção de infra-estrutura e reconstrução pós-calamidade."
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