O documento Política da China para América Latina e Caribe, divulgado pelo governo chinês, teve um amplo reconhecimento pelos países latino-americanos e do Caribe. Em entrevista concedida à CRI, o embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney, falou sobre o documento recém-publicado e sobre as relações sino-brasileiras.
"O documento é importante porque atribui uma prioridade do governo chinês em relação à América Latina e abre muitas portas para a cooperação entre a região e o país asiático", avaliou Hugueney.
Para o embaixador, o documento abre um amplo leque de áreas em que a China e os países latinos-americanos e do Caribe podem trabalhar em conjunto. "Eu acho que esse documento é uma excelente plataforma sobre a qual nós podemos construir uma nova base das relações entre a América Latina e o Caribe e a China", frisou Hugueney.
Para o embaixador brasileiro, a China e o Brasil têm uma cooperação multifacetada. Na área política, os dois países compartilham posições semelhantes em organizações internacionais. "A China e o Brasil já têm uma parceria estratégica e suas relações políticas são crescentes e extremamente importantes", destacou Hugueney.
Ao mesmo tempo, o diplomata brasileiro ressaltou que o setor econômico e comercial é uma dimensão importante de todas as relações. "Porque tanto a China quanto a América Latina e o Caribe estão lutando pelo seu desenvolvimento e por manter o crescimento", explicou Hugueney.
De acordo com o embaixdor, a China e o Brasil têm também potencial para desenvolver cooperações nas áreas de ciência, tecnologia, energia, agricultura e urbanização. Ele citou o exemplo do projeto de lançamento de satélites firmado entre a China e o Brasil - o CBRES -, e as possibilidades de os dois lados desenvolverem novos projetos na área de biocombustíveis, já que o Brasil possui uma liderança mundial no setor.
Falando sobre o significado da adesão da China ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, Hugueney elogiou a decisão e disse que ela vem em um momento decisivo, no contexto da crise do sistema financeiro mundial. "A participação da China com fortes recursos vai permitir ao banco aumentar seus empréstimos à América Latina e vai facilitar um diálogo entre os países da região e a China na busca de pontos comuns, sobretudo na área de infra-estrutura", disse Hugueney.
A respeito da atual crise financeira, que vem atingindo o mundo inteiro, Hugueney disse que países em desenvolvimento serão afetados inevitavelmente, pois a economia é globalizada. No entanto, segundo Hugueney, a política definida pelas autoridades chinesas é viável para outros países em desenvolvimento. "A primeira tarefa de países em desenvolvimento é aquilo que o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao têm enfatizado em relação à China, ou seja, preservar o crescimento e adotar políticas internas em defesa do crescimento", disse o embaixador brasileiro. Além disso, a China e o Brasil devem se coordenar cada vez mais para apresentar propostas, em conjunto com outros países, sobre como enfrentar a crise, concluiu Hugueney.
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