O Banco da Inglaterra, banco central do Reino Unido, anunciou ontem (6) um corte de 1,5 ponto percentual em sua taxa básica de juros, a fim de estimular a economia britânica, que está entrando em recessão. O mercado já tinha previsto a queda da taxa de juro do Banco da Inglaterra, mas não estava preparado para uma redução tão acentuada. Analistas consideram que esta ação do Banco da Inglaterra mostra a piora do futuro econômico dentro e fora do Reino Unido e que ainda é difícil dizer se as medidas adotadas serão efetivas ou não.
A taxa de juros básica do Banco da Inglaterra após a redução é de 3%, ponto mais baixo desde 1955. Está é a segunda queda na taxa de juros do Banco em menos de um mês. A última vez foi no início de outubro, quando o banco reduziu a taxa de juros de 5% para 4,5%. As empresas britânicas médias e pequenas criticaram a queda de apenas 0,5 ponto percentual, alegando que ela não as ajudaria a superar as dificuldades atuais. Os órgãos consultivos de economia do país também ponderaram que somente com uma grande redução da taxa de juro podia prevenir a piora da recessão econômica. Com a pressão pela queda da taxa de juros, a imprensa britânica presumia que a redução seria entre 0,5 e 1 ponto percentual. Por isso, quando o Banco da Inglaterra anunciou uma redução de 1,5, a imprensa britânica ponderou que isto foi "totalmente surpreendente", porque desde a posição independente do Banco da Inglaterra, em 1997, a diminuição da taxa de juro nunca foi maior do que 0,5 ponto.
O Banco da Inglaterra justificou o corte na taxa dizendo que, atualmente, o futuro econômico do país e de todo mundo está piorando evidentemente e que esta decisão pretende estimular o aumento econômico do Reino Unido. A decisão foi bem acolhida pelos setores de indústria e comércio. O responsável da Confederação de Indústria Britânica (CBI, na sigla em inglês) Richard Lambert afirmou que esta é uma ação corajosa e "nós precisamos deste medicamento forte". Ele acha que esta redução da taxa de juro vai ajudar a aliviar a situação do mercado de crédito e os bancos podem transmitir seus benefícios aos clientes.
De fato, além da pressão da imprensa, os dados estatísticos econômicos fracos do país nos recentes dias também são uma das razões da grande queda da taxa de juro do Banco da Inglaterra. Segundo os últimos dados da Administração Estatal de Estatísticas do Reino Unido, o PIB do terceiro trimestre deste ano caiu 0,5% em comparação com o segundo trimestre, a primeira redução da economia do país nos últimos 16 anos. O índice de preços de imóveis Halifax publicado ontem mostra que os preços de outubro diminuíram 2,2% em comparação com o mês passado. O economista-chefe do Instituto Real de Inspetores Peritos, Simon Rubinson, considera que a velocidade da queda dos preços de imóveis do país está mais rápida do que na recessão econômica dos anos 90 do século passado e que, graças à falta de capital hipotecário, ainda é possível que a situação continue piorando.
O volume de venda dos carros, segundo maior indicador de consumo, também é importante para mostrar a confiança dos consumidores. Ao mesmo tempo, manter a capacidade de compra dos carros do público é condição indispensável para a continuação da indústria do setor. O responsável da Sociedade dos Fabricantes e Negociadores de Motores (SMMT) Paul Everitt disse que são necessárias medidas para reativar a confiança dos consumidores e estimular a compra de carros e que as informações de redução da taxa de juros do Banco da Inglaterra vão ser transmitidas aos consumidores em breve.
Analistas consideram que os efeitos da queda dos juros no sistema bancário são um ponto importante para a eficiência desta ação. Nas recentes semanas, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pediu que os bancos ofereçam o benefício da redução da taxa de juro para seus clientes. Mas, alguns bancos já mostraram a tendência de ignorar o pedido, como, por exemplo, o Banco Abbey,k que elevou a taxa de juros de empréstimo para novos clientes e o Banco HSBC, que também disse que não vai transmitir totalmente as influências da queda da taxa de juros aos seus clientes. A preocupação com seus próprios interesses pode fazer com que os bancos frustrem os esforços do banco central e do governo de Brown, que ainda não está preparado para enfrentar esta situação que prejudica a concretização das medidas.
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