Diante do agravamento da crise financeira mundial, os líderes de 15 países da Zona do Euro se reuniram ontem em Paris para a primeira cimeira de sua história. Após três horas de consultas, a reunião aprovou um plano de ação conjunta. Os países da Zona do Euro e da UE vão formular medidas concretas, com base no plano aprovado, para fazer face a crise financeira de maneira condizente com as próprias realidades.
O documento publicado pelo Palácio Presidencial da França indicou que os governos, os Bancos Centrais e as instituições de supervisão financeira dos países da Zona do Euro e da UE, vão agir de maneira articulada para garantir que os bancos tenham capital suficiente para manter seu funcionamento normal. Este processo será feito através de "garantias de Estado, seguros ou outros dispositivos", sobre todos os novos empréstimos contraídos até 31 de dezembro de 2009. Como já previa a opinião pública, o plano de ação conjunta da Zona do Euro é semelhante ao britânico para combater crise financeira.
Em coletiva à imprensa realizada após a reunião, Nicolas SarKozy, presidente da França, país na presidência rotativa da UE, assinalou que o plano de ação conjunta visa garantir a integridade da Zona do Euro e da UE. Os diversos países vão cumprir o plano de uma maneira "flexível" conforme seus próprios sistemas financeiros e suas leis e regulamentos. Ao mesmo tempo, diversos países continuaram divulgando medidas concretas ontem. Portugal anunciou que vai liberar uma garantia de até 20 bilhões de euros para as instituições financeiras com sede no país; o primeiro-ministro da Espanha Rodriguez Zapatero afirmou que seu governo vai garantir os créditos interbancários; o governo da Noruega publicou uma declaração, afirmando que vai urgir o Parlamento a emitir o bônus de tesouro governamental no valor total de US$57,41 bilhões. Além disso, o governo alemão estaria preparando um plano de socorro no valor total de 400 bilhões de euros.
Analistas consideram que o plano de ação conjunta é diferente do plano norte-americano e favorece a unidade da UE. Antes disso, a imprensa européia tinha revelado em várias ocasiões que a França esperava elaborar um plano semelhante ao norte-americano envolvendo, por exemplo, a criação de um fundo europeu, mas a proposta teria sido rejeitada pela Alemanha. Pode-se dizer que apesar de o plano norte-americano refletir a idéia de alguns países, ele não seria viável uma vez que a UE, em vez de ser um único país, é composta por 27 países. Entre esses 27 países, há diferentes sistemas financeiros, leis e regulamentos, e suas instituições financeiras foram afetadas em graus diferentes. Além disso, os partidos de governo de alguns países têm pela frente as eleições gerais. Portanto, desde a eclosão da crise financeira, tanto na UE como na Zona do Euro, os países membros têm estado numa situação "isolada", trocando acusações ao invés de cooperar entre si.
Porém, com o agravamento da influência da crise financeira sobre a Europa, a União Européia ficou ansiosa por encontrar uma saída. A França, país na presidência da UE, tomou a iniciativa, organizou uma mini-cimeira com a participação da Alemanha, Reino Unido e Itália. A seguir, os ministros das Finanças do bloco mantiveram consultas. Porém, os diversos países não chegaram a um consenso sobre a estratégia conjunta para socorrer o mercado, e a cimeira não aprovou um projeto concreto com uma força vinculativa. Os participantes da reunião apenas expressaram a vontade política de enfrentar conjuntamente a crise. Na última semana, permanece baixa a paridade entre o Euro e o Dólar, e o mercado acionário da Europa também continua em baixa, passando por uma "semana negra". Tudo isso indica que a Zona do Euro, e até mesmo toda a Europa, não tem suficiente confiança perante a crise financeira.
Na atual situação, os diversos países estão conscientes de que devem buscar os pontos comuns respeitando as diferenças e encontrar medidas concretas. De acordo com o presidente Nicolas Sarkozy, que convocou a cimeira, é preciso priorizar o reforço das coordenações em favor da unidade da União Européia.
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