O chanceler russo, Sergey Lavrov, propôs durante o debate anual da Assembléia Geral da ONU no dia 27 que seja realizada uma reunião pan-européia que reúna líderes de todos os países da região para discutir a criação de um novo sistema de segurança continental. Vale notar que, neste ano, Moscou já fez repetidas vezes a proposta de estabelecer um novo sistema de segurança européia.
Analistas ponderam que as relações entre a Rússia e os países ocidentais, liderados pelos EUA, vêm se degradando após os conflitos entre a Rússia e a Geórgia, mas Moscou não quer se afastar da Europa, seu "principal campo" para disputar com os Estados Unidos, querendo impedir o alargamento da Organização do Tratado do Atlântico do Norte ao leste (OTAN) e rivalizar com os EUA com o estabelecimento de um novo sistema de segurança da Europa.
Em 5 de junho deste ano, o presidente russo, Dmitry Medvedev, realizou sua primeira visita à Europa desde que assumiu a presidência do país. Após um encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, Medvedev apelou pela assinatura de um tratado de segurança européia mais abrangente para substituir o tratado de paz ratificado na era da Guerra Fria. Ele destacou que a ampliação da OTAN não pode resolver a raiz da questão de segurança e as organizações, como a OTAN, não conseguem defender completamente a Europa. Por isso, a expansão da OTAN para o leste não é a solução para a questão de segurança européia.
Durante a Cúpula Rússia-Europa, realizada em 27 de junho, o presidente russo voltou a pedir o fechamento de um novo tratado de segurança européia entre todos os países do continente para assegurar a futura estabilidade e segurança da Europa.
Após o conflito com a Geórgia em agosto, os laços entre a Rússia e os países ocidentais se deterioraram repentinamente. Adicionalmente, diante da intenção norte-americana de instalar um sistema antimísseis no Leste Europeu e a indecisão sobre a adesão da Ucrânia e da Geórgia à OTAN, além de reconhecer a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, reforçar seu relacionamento com os aliados do Centro Asiático, realizar freqüente manobras militares, planejar aumentar significativamente as despesas militares e estreitar cooperações com países latino-americanos, a Rússia não deixou de lado a Europa e seu desejo de selar um novo acordo sobre a segurança européia vem sido intensificado.
Diante da pressão por parte da OTAN depois dos conflitos russo-georgianos, Medvedev alertou que a Rússia está disposta a suspender relações com a organização se esta não tiver escrúpulos. Ao mesmo tempo, o presidente russo tem feito apelos pela criação de um novo sistema de segurança européia. O chanceler russo, Sergey Lavrov, também assinalou que os incidentes ocorridos recentemente mostram que a estrutura de segurança da Europa já não pode atender às demandas, já que não pode impedir as invasões nem a proliferação de armas ofensivas.
Segundo os analistas, com a contínua expansão da OTAN para o leste, o espaço estratégico de segurança da Rússia tem sido comprimido nos últimos anos. Quanto a esta situação, Moscou tentou eliminar as preocupações dos países europeus consigo e erradicar o conceito de Guerra Fria dos Estados Unidos e países europeus. Esta foi a razão pela qual Medvedev propôs a criação de um novo sistema de segurança européia quando ele assumiu o cargo como presidente da Rússia. Além disso, a proposta vem servindo como o novo conceito para orientar o tratamento de Moscou dos laços com a Europa e assegurar a segurança comum das duas partes.
Os analistas também indicaram que, durante muito tempo, a OTAN, orientada pelos Estados Unidos, tem desempenhado um papel de defensora da segurança da Europa. Apesar de alguns países europeus terem feito esforços para criar um verdadeiro sistema de segurança européia, seus trabalhos não alcançaram os efeitos previstos. No decorrer da segunda metade deste ano, a Rússia propôs repetidas vezes o estabelecimento de um novo sistema de segurança européia, visando a emitir um sinal forte de que cabe aos europeus tomar conta da própria segurança.
Moscou pretende associar estreitamente a segurança do país e da Europa a fim de enfraquecer a influência americana na região. No entanto, ainda não se sabe se os países europeus vão dar respostas ativas à proposta russa e se o sistema pode ser estabelecido como deseja a Rússia.
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