O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert apresentou ontem (21) sua carta de renúncia ao presidente do país, Shimon Peres, mas vai permanecer no poder até que um novo governo seja formado, segundo estipulam as leis de Israel.
Olmert se tornou líder do partido Kadima e primeiro-ministro de Israel em 2006 sucedendo Ariel Sharon, vítima de apoplexia. Após a posse, ele se submeteu a várias investigações da polícia israelense por suspeita de corrupção. No final de julho deste ano, ele anunciou que renunciaria quando fosse escolhido o novo líder do Kadima.
Na noite de ontem, Peres disse que os desafios complexos que Israel enfrenta nas áreas econômica, política e social requerem a continuidade das políticas do governo. A força de Israel não diminuirá diante mudança do premiê e o governo israelense continuará protegendo os interesses de sua população e observando suas promessas à paz.
Logo após receber a carta de renúncia de Olmert, Peres se reuniu com representantes dos quatro maiores partidos do parlamento, nomeadamente o Kadima, o Partido Trabalhista, o Grupo Likud e o Partido Shas para discutir nomes para o novo governo do país. O Shas não propôs nenhum nome para o novo gabinete, mas disse que decidirá a participação na administração após ouvir a plataforma do novo líder de governo.
O presidente israelense ainda conversará hoje sobre o mesmo assunto com delegados de outros partidos. Apesar de não estar decidido o nome para o cargo do primeiro-ministro, a expectativa é de que Olmert seja substituído pela nova líder do Kadima e ministra do Exterior, Tzipi Livni.
Segundo as leis de Israel, Livni tem até 42 dias para tentar formar a nova coalizão de governo. Para ela, a opção mais conveniente deve ser a continuidade da estrutura atual, ou seja, manter aliança com o Partido dos Aposentados (Pensioners' Party), o Partido Trabalhista e o Shas.
Contudo, sinais recentes mostram que Livni deverá enfrentar dificuldades na sua tarefa. O maior partido da oposição, o Likud, já declarou que não participará do novo governo liderado pela ministra do Exterior e que continuará defendendo as eleições parlamentares.
Além disso, o presidente do Partido Trabalhista, maior aliado do Kadima no gabinete, e ministro da Defesa, Ehud Barak, não teve nenhum contato com a nova líder do Kadima, mas manteve conversações estreitas com o líder do Likud, Benjamin Netanyahu.
O presidente do Shas, segundo maior aliado do Kadima, e ministro da Indústria e Comércio, Eli Yishai, ainda não tomou sua decisão. Ele apresentou a Livni as condições para a formação de um governo de coalizão, entre elas o controle de toda a Jerusalém e a elevação de subsídios de natalidade às famílias religiosas tradicionais. Além disso, o Likud está tentando persuadir o Shas a não participar da coalizão.
O novo governo de coalizão deve representar um total superior à metade das 120 cadeiras do parlamento. O Grupo Likud, o Partido Trabalhista e o Shas já têm 43 lugares e conseguirão chegar aos 61 reunindo alguns partidos menores, o que pode impedir que Livni forme um gabinete.
Mesmo que os três partidos não consigam unir as outras forças menores, ainda não é fácil para Livni formar um governo de coalizão devido a significativas divergências de interesses. A líder do Kadima também enfrentará dificuldades na implementação de suas políticas no novo gabinete.
Entretanto, Livni nunca parou de seus esforços para a formação do governo. Ela manteve um encontro com Barak na noite de ontem. Após a reunião, as duas partes afirmaram que vão continuar os contatos. O sinal mostra que o Partido Trabalhista não fechou a porta para a coalizão com o Kadima. Se isso for concretizado, os dois partidos terão 50 cadeiras no parlamento, facilitando significativamente a formação do novo gabinete por Livni.
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