Às 9h30 (horário local) de ontem (11), o primeiro feixe de prótons foi lançado no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) da Organização Européia para a Pesquisa Nuclear (CERN), que fica na fronteira entre a Suíça e a França, marcando o início oficial do funcionamento do equipamento. Trata-se do maior acelerador de partículas do mundo. Com um significado histórico para a área da pesquisa física, esta experiência pretende explorar os enigmas do Universo e a teoria da evolução e é considerada um dos eventos mais importantes da ciência e da tecnologia mundial deste ano.
O responsável pelo projeto do LHC da Organização Européia para a Pesquisa Nuclear, Lyn Evans, anunciou na coletiva à imprensa que às 9h30 os cientistas injetaram o primeiro feixe de prótons no LHC no túnel circular de 27km e a 100m sob a terra e, cinco segundos depois, saíram os primeiros dados e a tela de supervisão mostra o sucesso do lançamento. Ele ainda afirmou que a quantidade deste feixe de prótons não foi grande e sua energia também foi baixa. O objetivo principal era testar e avaliar o funcionamento dos equipamentos e o sistema e, se tudo funcionar normalmente, o segundo passo é acelerar os prótons para uma velocidade próxima à da luz e deixar dois feixes paralelos de prótons com alta velocidade colidirem no LHC e causarem explosões, assinalou Evans. Prevê-se que este processo precise de algumas semanas.
O LHC foi construído durante cinco anos com um investimento de US$ 6 bilhões e a participação de mais de 5.000 cientistas, engenheiros e técnicos de dezenas de países do mundo. É considerado o maior e o mais complexo equipamento científico do mundo. O LHC é formado por cerca de dez mil tubos de ligação e grandes ímãs com a supercondução de baixa temperatura. O equipamento pode acelerar os prótons para uma velocidade próxima à da luz no vácuo e a explosão causada pelos dois feixes paralelos de partículas vai criar uma temperatura 100 mil vezes maior do que a do centro do Sol e recriar a grande explosão do Universo 14 bilhões de anos atrás. A experiência vai revelar os enigmas da origem do Universo, aprofundar os conhecimentos sobre a Galáxia, planetas e a formação das vidas na Terra e explicar a existência da matéria escura que ocupa 96% do Universo.
Os cientistas ainda esperam encontrar o hipotético bóson de Higgs, chamado por alguns de "partícula de Deus", e descobrir o último segredo do mundo material. A teoria física de "standard modelo" prevê a existência de 62 tipos de partículas básicos, entre os quais 61 já foram descobertos em experiências anteriores. O último tipo é este partícula prevista pelo cientista britânico Higges. Se encontrada, a partícula pode revelar a origem da qualidade da matéria.
O início do LHC é apenas o começo do projeto de pesquisa científica. Desde então, todo o sistema vai produzir grande quantidade de dados e, através da internet de alta velocidade explorada pela Organização Européia para a Pesquisa Nuclear, os computadores dos cientistas físicos do mundo podem ser ligados para compartilhar dados, participar das pesquisas e revelar os enigmas do Universo.
O LHC atrai a atenção de todo o mundo por seu grande significado cienífico, bem como pelos debates sobre o projeto. Alguns anos atrás, dois cientistas norte-americanos disseram que seria possível que a experiência da grande explosão do LHC criasse um micro buraco negro que devoraria matérias dentro da Terra, provocaria terremotos e maremotos e finalmente causaria o desaparecimento da Terra. Eles ainda pediram que o tribunal de diretos humanos da Europa ordenase a suspensão destas experiências. Sobre estes debates e preocupações, o porta-voz da Organização Européia para a Pesquisa Nuclear James Gillies disse ontem que esta opinião é absurda porque, após vários cálculos, diversos físicos famosos do mundo confirmaram que esta experiência é absolutamente segura.
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