Um mês depois do início do conflito entre Rússia e Geórgia, o presidente da França, que ocupa a presidência rotativa da União Européia (UE), Nicolas Sarkozy, visitou novamente ontem (8) a Rússia. Sarkozy se encontrou com o presidente russo, Dmitri Medevedev, e continuou no papel de mediador do conflito entre os dois países.
Sarkozy visitou a Rússia no mesmo dia com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, e o alto representante da Política Externa e Segurança Comum da UE, Javier Solana. Durante a conversa, de quatro horas, o reconhecimento da independência da Abkaházia e da Ossétia do Sul foi o foco de discussão. A UE continuou condenando o reconhecimento da Rússia da independência das duas regiões, mas Medevedev reiterou novamente que vai insistir sua posição. Ele declarou também que acredita que o processo de reconhecimento internacional da independência da Abkaházia e da Ossétia do Sul vai se acelerar e que a Rusia vai lhes oferecer ajuda humanitária, econômica e militar. Mevedev ainda sugeriu que Sarcozy discuta a solução dos conflitos Geórgia-Ossétia do Sul considerando o desenvolvimento da situação do último mês.
Existem divergências entre as duas partes sobre o reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, mas os presidentes dos dois países já decidiram a retirada completa das tropas russas da Geórgia. O presidente francês afirmou na coletiva à imprensa após o encontro que esta conversa obteve êxitos notáveis.
Os líderes russo e francês chegaram a um consenso na conversa sobre o acréscimo de medidas ao acordo de seis princípios alcançado no dia 12 de agosto, o que foi o destaque deste encontro. Primeiro, a Rússia vai retirar todas as tropas das cinco estações de inspeção entre Poti e Senaki dentro de uma semana. Segundo, as tropas russas estacionadas fora da Abkházia e da Ossétia do Sul vão se retirar do território georgiano dentro de dez dias, após o estabelecimento do sistema efetivo da supervisão internacional nas regiões do conflito. Além disso, ambas as partes concordaram em continuar as tarefas dos membros de inspeção sobre a Geórgia da ONU e inspetores da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE). Ao mesmo tempo, será acelerado o aumento do número de inspetores. Os 200 inspetores da UE devem substituir todas as tropas russas nas regiões do conflito antes do 1º de outubro.
Para concretizar a sexta regra do acordo de princípio da solução dos conflitos sobre a Abkházia e a Ossétia do Sul alcançado no dia 12 de agosto pelos líderes dos dois países, as duas partes ainda decidiram iniciar no dia 15 de outubro, em Genebra, uma discussão internacional sobre as duas regiões. As maneiras de garantir a segurança e a estabilidade das duas regiões, o problema dos refugiados e a solução da questão com coordenação de várias partes vão ser os temas principais da discussão.
Sarkozy ainda revelou à imprensa após o encontro que ele já entregou a Medevedev uma carta do presidente georgiano Saakashvili prometendo que não vai usar a força contra Ossétia do Sul e Abkházia.
Analistas consideram que ainda existem divergências entre Sarkozy e a Rússia sobre a questão do reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e Abkházia, mas ambas as partes acrescentaram medidas adicionais na base de aplicação do acordo dos seis princípios e vão iniciar a discussão internacional sobre esta questão. Tudo isto tem influência positiva para a atual situação do conflito. No entanto, a Bielorússia declarou ontem que vai reconhecer em breve a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia e a Rússia vai discutir hoje o estabelecimento das relações diplomáticas com a Ossétia do Sul e a Abkházia. Estas ações vão influenciar novamente a Geórgia e o Ocidente. Por isso, o desenvolvimento da atual situação e o resultado da visita de Sarkozy à Rússia ainda não estão definidos.
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