Expira em 2012 o Protocolo de Kyoto, que visa limitar as emissões de gases causadores de efeito-estufa dos países desenvolvidos para controlar o aquecimento global. Para elaborar um acordo sucessor sobre mudança climática e estabelecer novas metas de redução das emissões, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática iniciou em dezembro do ano passado as negociações para a elaboração de novos planos de ação e assinalou que é preciso alcançar um acordo na Conferência das Nações Unidas em Copenhague em dezembro de 2009.

Como conteúdo essencial do novo acordo, as metas de redução de emissões são a questão que geram maior disputa entre os países. O Protocolo de Kyoto estabelece exigências somente aos países desenvolvidos, que até 2010 devem reduzir as emissões em 5,2% em relação ao nível de 1990.

Nesta rodada de conversações, os países em desenvolvimento fizeram concessões ao concordar estabelecer metas de redução de emissões por setores. Isto quer dizer que os países em desenvolvimento também devem estabelecer metas para as indústrias de alta capacidade emissora como siderurgia, cimento e eletricidade. No entanto, a exigência não tem força coerciva para os países em desenvolvimento, que não serão punidos caso não cumpram os objetivos.

Os participantes do encontro ressaltaram ainda a influência do desmatamento sobre o clima. Em muitos países subdesenvolvidos, os agricultores exploram campos aráveis derrubando as florestas, a fim de ampliar a área de cultivo. O desmatamento, contudo, é uma fonte importante de gases causadores de efeito estufa.

Dados mostram que cerca de 20% das emissões vêm da derrubada de árvores a cada ano. Os países participantes concordaram oferecer verbas aos países que diminuam ou cessem o desmatamento. Os países com quadro grave de desmatamento também precisam de capital para recuperar e ampliar a cobertura florestal.

As preocupações especiais dos países africanos na questão da mudança climática também foram consideradas nesta rodada. Conforme estudos, as emissões dos países africanos representam apenas uma pequena parcela do total mundial, mas o continente é o mais vulnerável às alterações do clima. Hoje, os impactos negativos do problema já estão se mostrando na África.

Devido ao aquecimento global, várias aldeias foram inundadas com a elevação do nível do mar na costa de Gana. Especialistas prevêem que o litoral da África Ocidental, especialmente o trecho de 4000 quilômetros entre Senegal e Camarões, pode ser redesenhado. Se as emissões não forem controladas efetivamente, os países do continente também vão sofrer com secas, inundações, queda na produção agrícola e escassez de água, afetando dezenas de milhões de pessoas. Em vista disso, os participantes propuseram um total de centenas de bilhões de dólares em ajuda aos países africanos.

O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, descreveu como estimulantes os resultados desta reunião. Segundo ele, os governos dos países demonstraram uma atitude sincera e tentaram entender melhor a situação de outros países.

Porém, analistas ponderaram que ainda é cedo para dizer se a próxima rodada de negociações sobre mudança climática pode trazer boas notícias, porque o novo governo norte-americano será formado algumas semanas antes da nova conversa. Ainda não se sabe se o novo ocupante da Casa Branca vai mudar a política dos EUA sobre as alterações climáticas e os resultados das novas negociações se submeterão a influências de diversos fatores.